Em declarações à Rádio Nacional de Angola, o sub-procurador da província do Cuanza Sul, Joaquim Macedo, disse que o inspector Rodrigues Eduardo não estava relacionado com os processos que estão a ser investigados.
"Nunca tivemos em momento algum o inspector Rodrigues a trabalhar em qualquer processo que estamos a instruir. Contactámos a delegação provincial de Finanças que confirmou que o jovem está ligado aos serviços de Finanças do Cuanza Sul, mas aquilo que soubemos é que o jovem, desde Março, quando se iniciou o estado de emergência, se encontrava em Luanda", afirmou.
O inspector-chefe do departamento de Inspecção de Finanças do Cuanza Sul, Rodrigues Eduardo, foi morto a tiro a 31 de Maio, por volta das 21h00, no município do Cazenga (Luanda), tendo sido veiculado que iria prestar declarações no âmbito do processo que envolve o governador daquela província, Job Capapinha.
"Quando os processos tiveram início, já o responsável se encontrava em Luanda "a cumprir a cerca sanitária, julgamos que essa notícia, em princípio, não é verídica", sublinhou Joaquim Macedo.
Em causa está a suposta sobrefacturação no aluguer de duas viaturas para os vice-governadores provinciais, avaliadas em mais de 191 mil kwanzas por dia, para um período de um ano.
O contrato terá sido assinado por Job Capapinha com uma empresa constituída em Dezembro de 2018, propriedade de um mauritano, para o aluguer das viaturas.
Por outro lado, o Ministério das Finanças afirmou também à rádio angolana que não recebeu qualquer pedido para que o seu colaborador prestasse declarações ao Serviço de Investigação Criminal ou à PGR quanto à suposta sobrefacturação de viaturas alugadas ao governo provincial.
A fonte ministerial acrescentou que, por não ter fixado ainda residência na cidade do Sumbe (capital do Cuanza Sul), Rodrigues Eduardo ausentava-se ao fim-de-semana para visitar a família em Luanda e solicitou na véspera da declaração do estado de emergência, em Março, uma dispensa para se juntar aos seus familiares.
Contactado pela Lusa, fonte do governo provincial escusou-se a pronunciar sobre o tema por estar a decorrer uma investigação judicial.
A governação no Cuanza Sul está a ser investigada depois de denúncias surgidas nas redes sociais, tendo sido já abertos dois inquéritos "que correm os trâmites legais e estão na fase conclusiva", confirmou na Quarta-feira o porta-voz da PGR, Álvaro João.
"Se se determinar que houve algum dano ao património público, os autores serão responsabilizados criminalmente", salientou o porta-voz, prometendo mais desenvolvimentos nos próximos dias.