O 'Serious Fraud Office' (SFO), o nome do tribunal que investiga os crimes e fraudes financeiras complexas, anunciou que a multa à empresa alemã FH Bertling e a vários dos seus administradores resulta da tentativa de corrupção de um empregado da Sonangol, para garantir contratos de transporte marítimo, e surge na sequência de um processo que decorreu nos tribunais britânico há três anos.
Em causa está um pagamento de 250 mil dólares, feito em 2006, a um agente da Sonangol para garantir a obtenção dos contratos, que foi investigado pelo tribunal britânico e que levou ao fecho das operações da empresa alemã no Reino Unido, que está actualmente em liquidação, de acordo com uma notícia publicada esta Terça-feira pelo Wall Street Journal.
Em 2017, o tribunal já tinha condenado três antigos executivos da subsidiária britânica do grupo alemão Bertling por corrupção relativa a pagamentos feitos a um empregado da petrolífera Sonangol.
A sentença do tribunal londrino resulta de uma investigação da agência britânica Serious Fraud Office (SFO) aos negócios da Bertling, uma empresa de logística e transportes em Angola e aos pagamentos ilícitos de cerca de 20 milhões de dólares a um responsável da Sonangol.
Todos de nacionalidade alemã, Joerg Blumberg, Dirk Juergensen e Marc Schweiger foram então condenados a 20 meses de prisão, com pena suspensa durante dois anos, e ao pagamento de 25,06 mil dólares, além de terem perdido a capacidade de assumirem cargos de administradores durante cinco anos.
Marc Schweiger era o director responsável pelo mercado africano quando os pagamentos tiveram lugar, entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2006, enquanto Joerg Blumberg era o director financeiro do grupo Bertling e Dirk Juergensen era o director da subsidiária da Bertling no Reino Unido.
Segundo considerou o SFO há dois anos, os responsáveis recorreram à corrupção para conseguir contratos com a Sonangol, porém não revelou a identidade do responsável da empresa angolana.
Ao ler a sentença no tribunal de Southward, em Londres, o juiz Jeffrey Pedgen considerou que o crime "causa um impacto ambiental significativo e prejudica a comunidade, especialmente em países em desenvolvimento, de transacções de negócios decentes e honestas".
Segundo um comunicado da SFO, o juiz determinou que "cada um dos réus desempenhou um papel significativo na actividade fraudulenta, que implicou conversas e planeamento e decorreu durante um ano inteiro com proveito financeiro para a empresa".
O julgamento foi uma consequência de uma lei britânica para a prevenção da corrupção por empresas britânicas, mesmo que seja fora do Reino Unido.
Um outro responsável, Ralf Petersen, também assumiu envolvimento, mas entretanto morreu, enquanto Peter Ferdinand foi ilibado.