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Ambiente

Centro de investigação climática da CPLP precisa de 6,1 milhões para arrancar

O Centro Internacional de Investigação Climática e Aplicações para a CPLP e África (CIICLAA) necessita de 6,1 milhões de euros para os dois primeiros anos de actividade, nomeadamente para cinco projectos prioritários e formação científica.

Mike Hutchings:

A informação foi transmitida em Lisboa, por Sérgio Ferreira, meteorologista e consultor do CIICLAA, durante a conferência de divulgação daquele centro, com sede na Universidade de Cabo Verde.

Segundo Sérgio Ferreira, o CIICLAA pretende ser um “centro de apoio à decisão” em eventos extremos, de tempo e de clima, mas também de alterações climáticas, e vai assegurar “investigação aplicada” no desenvolvimento tecnológico, segurança alimentar e redução de catástrofes naturais.

“Para podermos ter cenários e medidas de adaptação feitas na base de um suporte científico”, enfatizou o meteorologista.

A preparação de cenários climáticos e respectiva “adaptação ajustada” a cada território, assim como a elaboração de “projectos customizados” para o sector privado e a formação especializada avançada são outros objectivos globais do novo centro, cujo acordo constitutivo foi assinado em Maio de 2015, em Cabo Verde, por 22 entidades, entre institutos públicos, universidades, centros de investigação, grupos económicos e empresas.

Na cerimónia realizada Quarta-feira na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o secretário executivo da organização destacou, a propósito, que “as actuais 'megatendências', entre as quais as que dizem respeito à emergência climática, ao crescimento demográfico acelerado e à rápida urbanização afectam já todos os Estados-membros”.

“Especialmente os de base insular, particularmente vulneráveis às alterações que diariamente se reportam. Aliás, os recentes eventos devastadores ocorridos no norte e centro de Moçambique [dois ciclones] são disso um bom exemplo”, sublinhou Francisco Ribeiro Telles.

Especificamente através da componente da investigação aplicada, o CIICLAA pretende apoiar decisões nas áreas da Protecção Civil, segurança alimentar, ambiente, pescas, portos, actividades marítimas, energia e saúde, contribuindo, assim, para a “redução do risco de catástrofes naturais”, defendeu Sérgio Ferreira.

O consultor do CIICLAA projectou uma necessidade de financiamento do centro, a dois anos, de 6,1 milhões de euros, a garantir através de instituições internacionais, governos e empresas.

Desta verba, 84 por cento será alocada apenas a projectos, nomeadamente aos cinco prioritários já definidos pela instituição.

O Estudo das Aplicações da Teledetecção Atmosférica na África do Oeste é um desses projectos. Prevê o recurso a radar, satélite e sensores de descargas atmosféricas para apoio à previsão do tempo e desenvolvimento de aplicações de apoio à agricultura, energia e gestão de riscos de desastres naturais em Cabo Verde, Senegal, Gâmbia, Guiné-Bissau e Guiné Conacri.

Igualmente de abrangência regional é o projecto para um Sistema de Previsão do Clima a Longo Prazo (Sazonal) na CPLP, enquanto que como projecto-piloto está previsto o desenvolvimento de um modelo de previsão, remota, da prevalência da malária, ferramenta que envolve investigadores portugueses.

Também de âmbito regional, o centro prevê avançar com o SAPSecas - Sistema de Alerta Precoce para situações de risco, voltado para a problemática das secas, integrando a informação num portal na Internet com cenários climáticos, índices agro-meteorológicos, cartografia climática e de riscos.

O quinto projecto prioritário prende-se com um mestrado em Clima, Recursos Naturais e Riscos, a ministrar na Universidade de Cabo Verde em colaboração com outras instituições de ensino superior de países da CPLP.

No âmbito do lançamento do CIICLAA, a Universidade de Cabo Verde, na cidade da Praia, recebe entre 24 e 26 de Setembro deste ano o Fórum Clima/Variabilidade e Alterações Climáticas – Impactos na Economia da CPLP e em África.

A criação do centro, que envolve também os institutos de meteorologia dos nove Estados-membros da CPLP, foi uma das conclusões saídas da V Reunião do Conselho de Ministros do Ambiente da organização, que decorreu em Maio de 2012, em Cabo Verde, decisão ratificada na IX Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização, realizada em Julho do mesmo ano em Maputo.

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