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Opinião O que Angola me faz crescer profissionalmente

Grandes Lagos

José de Noronha Brandão

Director de Relações Públicas da agência ZWELA.

José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola, há cerca de um ano, considerava a situação na região dos Grandes Lagos "preocupante". 2015, enquanto Cimeira Extraordinária convocada pelo Chefe de Estado angolano e presidente em exercício da CIRGL, coloca em cima da mesa, entre outros aspectos, a análise da situação actual na região dos Grandes Lagos.

RTP:

Angola, e na sua generalidade, o continente africano, sublinham um desejo generalizado em erradicar conflitos bélicos permitindo que o território seja terra de desenvolvimento social e humano, próspero em crescimento e bastião dos valores da paz. Séculos de história poderiam ser a lição que falta, alavancada numa aprendizagem que outros continentes tiveram que passar: a Europa nos seus primórdios, com uma noite de mil anos classificada de Idade Média, a América numa disputa de colonos e colonizadores e uma Ásia silenciada por superpotências e rescaldos circunscritos de defesas territoriais e culturais. O mundo, pelos continentes em que se divide, passou todo pelo mesmo, com mais ou menos interesses alheios e estrangeiros e África é hoje um palco de esperança nesse equilíbrio hegemónico a que nos habituamos: a Paz.

A CIRGL foi criada após os conflitos políticos que marcaram a região dos Grandes Lagos, em 1994. Agrega Angola, Burundi, as repúblicas Centro-Africana, do Congo, Democrática do Congo, Quénia, Uganda, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia. Zonas em que a tensão militar podem fazer perigar os projectos de várias nações africanas em se construírem alicerçadas na paz. Todos sabemos que os problemas, sem resistência, permanecerão problemas e que procurar consensos exige saber escutar, ceder, dialogar e criar plataformas de entendimento para o hoje, mas sobretudo, para o amanhã, um amanhã onde caibam as novas gerações.

A Região dos Grandes Lagos, que é composta por todos os territórios dos onze estados membros da Conferência, tendo adoptado mecanismos nacionais de coordenação que facilitam a implementação do Pacto. Foi ponto assente de todos os países integrantes dos Grandes Lagos o respeito à soberania nacional, integridade territoriais, a não ingerência nos assuntos internos de outros estados membros, a não-agressão, a cooperação e resolução pacífica de quaisquer diferendos. Como forma de resolver o pós-conflito entre Estados, a Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos constituiu um Fundo Especial para a Reconstrução e o Desenvolvimento em conformidade com o Protocolo sobre a Zona específica de reconstrução e desenvolvimento, cujo estatuto jurídico faz parte de um documento próprio”.

Para fazer face a estes desafios, José Eduardo dos Santos sintetizou o ano passado "Trabalhemos juntos para garantir um futuro melhor para os nossos povos", "basta respeitá-la e implementá-la para se alcançar esses objetivos e reforçar a nossa cooperação em todos os domínios, cumprindo os compromissos assumidos”. Seria útil para todos nós olharmos para estes esforços, num continente que consideramos uma esperança de salvação económica, mas para o qual olhamos pouco ao lado social. O equilíbrio democrático dá-nos a todos um mundo melhor, esperança e sobretudo palco para as gerações vindouras, sejam locais, sejam migratórias. A Paz é o maior legado que os países podem deixar dentro e fora das suas fronteiras e Angola, com uma história de 27 anos de guerra civil, melhor que outros países, sabe dessa importância. Que da Cimeira dos Grandes Lagos saia uma paz duradoura, sobretudo, um sentido de existência cimentado no amanhã. E José Eduardo dos Santos, que já faz parte da história de Angola, poderá ficar para a história do continente ao dar paternidade a estes esforços tão urgentes nesta apaziguadora cimeira.

Opinião de
José de Noronha Brandão

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