Por onde passou foi coleccionando prémios, mas diz que ainda tem muito a aprender, e alguma coisa para ensinar. Na lista do Luanda Nightlife como um dos “5 Chefs Angolanos em Ascensão”, admite que a posição é sinónimo de muito trabalho, muito esforço e uma boa dose de dedicação.
Almiro, em primeiro lugar queremos saber mais sobre si. Onde nasceu, onde cresceu, como foi a sua infância?
Sou natural da província do Moxico, município do Luena. Tive a minha infância em Luanda, até aos 22 anos de idade, quando por motivos alheios fui obrigado a emigrar para o exterior do país. Vivi em Portugal, França e Holanda, sendo que o último foi o país onde estive mais tempo e passei a outra parte da minha vida.
É desde sempre um apaixonado pela cozinha ou este é um amor recente? Sempre quis ser chef?
A cozinha sempre esteve no meu sangue, até porque sempre cozinhei em casa para a família toda. Na Holanda, onde frequentei a escola, sempre me destaquei enquanto aluno, pela vontade que mostrava aos meus docentes. Só não fui mais além pela falta de oportunidades.
Quando voltei para Angola encontrei uma formação para a abertura de um hotel de 5 estrelas, e ali se deu o “boom” na minha vida.
Quais as suas principais influências gastronómicas? Que tipo de cozinha mais aprecia?
Por mais incrível que possa parecer, a minha influência não deixa de ser a cozinha portuguesa, apesar de ser angolano. Penso que a cozinha portuguesa em Angola ainda é o foco. Além disso é uma cozinha internacional, sem desprimor a outras. Contudo, gostaria de ter contacto com a cozinha mediterrânea.
Antes de chegar ao Kymbu passou por locais como o Hotel de Convenções de Talatona. Aprendeu muito com esta experiência?
A minha passagem pela abertura do Hotel de Convenções de Talatona foi a maior porta que se abriu na minha vida para o meu desenvolvimento profissional. Foi lá que comecei a ter as responsabilidades de chefia e sempre fui distinguido como um dos melhores colaboradores, ganhando prémios como o Prémio de Assiduidade, Estrela do Ano, etc.
Depois, fui enviado para a abertura do Restaurante Brasa, como sub-chef de cozinha. Lá trabalhei durante um ano e meio até ser de novo transferido, desta vez para o Kymbu, onde estou a trabalhar neste momento.
O que é que o Kymbu representa para si? É o seu “emprego ideal”?
O Kymbu representa para mim um dos grandes desafios de muitos que sei que terei na minha carreira profissional. É uma casa que ainda tem muito para dar, para além de tudo aquilo que já nos tem dado. Como chef, sei que neste momento tenho de dar o meu melhor para agradar a todos, o que não é fácil.
Almiro Cajiji. O seu nome está na restrita lista de “Chefs angolanos em ascensão”, da autoria do Luanda Nightlife. Como é que vê este reconhecimento?
O meu nome na lista dos melhores chefs em ascensão é sinónimo de muito trabalho, muito esforço e dedicação. Mas como costumo dizer, ainda sou um bebé na estrada da vida gastronómica, tenho ainda muito que aprender e ensinar.
Acha que implica um certo nível de responsabilidade?
Sim. Responsabilidade, humildade e dedicação são as palavras-chave para o sucesso de todos.
O que é que falta fazer para que a gastronomia angolana seja caso de sucesso a nível mundial?
A gastronomia angolana é rica, mas pouco explorada. É preciso valorizar os produtos nacionais.
Considera Angola um bom país para estar ligado a esta profissão?
Sim, Angola é um bom país para exercer esta profissão, mas ainda nos falta muita coisa para se dar valor a um profissional nacional. Uma das maiores lacunas é a formação.
Como chef, o que é que planeia para o futuro?
Tenho como plano na minha vida contribuir para o desenvolvimento desta profissão, assim como tirar formação em nutrição alimentar.