"Há muito interesse e há muita necessidade por parte das Forças Armadas Angolanas e, portanto, temos expectativa que isso (venda de material) venha a acontecer. Mas são processos negociais longos", disse, em entrevista à agência Lusa, em Luanda, o administrador da TEKEVER, Ricardo Mendes.
Em causa está um projecto, desenvolvido com o apoio da marinha portuguesa, de pequenas aeronaves não tripuladas que podem ser lançadas a partir de navios e que servem para executar missões marítimas, entre as quais as de busca e salvamento, vigilância, patrulhamento, detecção de poluição e pesca ilegal.
A empresa portuguesa já realizou no último mês várias demonstrações para as forças angolanas, com aeronaves de dimensões e autonomia diferentes (duas ou dez horas), a última das quais ontem, a partir do navio patrulha Figueira da Foz, que está atracado em Luanda no âmbito da visita do ministro da Defesa Nacional português, José Pedro Aguiar-Branco, ao país.
Angola enfrenta o problema da imigração ilegal, com várias embarcações interceptadas nos últimos meses na costa, sobretudo na zona de Luanda, pelo que o assunto é especialmente sensível, e poderá ser explorado por este tipo de solução de vigilância aérea.
"Angola é um país que claramente pode ter muita utilização para este tipo de meios, não só missões marítimas, como terrestres. E não só forças militares, como forças de segurança, com quem temos falado e esperamos que haja uma colaboração no futuro", apontou Ricardo Mendes.
Dependendo do nível de sofisticação envolvida, nomeadamente ao nível dos sensores a instalar, câmaras ou radares, estas aeronaves de tecnologia portuguesa podem custar entre os 200 mil euros (cerca de 223 mil dólares) e "vários milhões de euros".
De acordo com a TEKEVER, esta tecnologia de vigilância será testada pela marinha portuguesa, no âmbito das missões do FRONTEX, ainda este ano, numa altura em crescem os fluxos migratórios no mar Mediterrâneo.