A cerca de 30 quilómetros da sede do município do Libolo, a Fazenda Xixila, uma área de 17.000 hectares de um projecto agro-pecuário de investidores angolanos, começou a ganhar corpo há sete anos, com o arranque da produção de vinho e uvas de mesa. Hoje são 54 hectares de vinha e várias castas nacionais, mas a expectativa da administração da fazenda é duplicar essa área até ao final do ano.
A primeira vindima para a produção de vinho aconteceu em 2012, experimentalmente, e a colheita do ano seguinte chega agora aos hipermercados e supermercados angolanos, com 60.000 garrafas de 750 mililitros de vinho branco e tinto, sob a designação de "Serras da Xixila", numa produção que tira partido da histórica importância e rentabilidade da agricultura em Angola.
"A nossa principal característica é preservar a essência da uva. E somos uma das poucas fazendas no mundo que faz duas vindimas por ano", explicou, em entrevista à agência Lusa, o administrador da Sociedade Agro-pecuária de Angola, Carlos Carneiro. "Hoje temos o orgulho de sermos os produtores do primeiro vinho angolano", garantiu.
Com a marca "feito em Angola", o vinho da Fazenda Xixila, no coração da província do Cuanza Sul, prepara-se para ter também espumante, além dos licores e da aguardente, depois de um investimento privado superior a 16 milhões de dólares. "Manter este projecto não é fácil, logo a começar pela parte financeira. Desde 2008 que andamos nesta aventura e só agora começam a aparecer os resultados. Mas felizmente a persistência vingou", apontou ainda o administrador da sociedade que gere a fazenda.
O grupo está a negociar a entrada do vinho no mercado da grande distribuição em Angola e tem a meta de chegar às 100.000 garrafas nas próximas vindimas. "Até lá, acredito que no mês de Junho já teremos o ‘Serras da Xixila' nos supermercados", afirmou Carlos Carneiro.
Só a componente da uva ocupa nesta fazenda mais de 200 angolanos, estando a produção de vinho equipada com maquinaria de origem portuguesa e italiana, além de trabalhadores de outras nacionalidades, especialistas no sector vitivinícola.
O próximo passo, segundo o administrador daquela sociedade, que garante ser este o primeiro vinho produzido em solos angolanos, passa pela internacionalização do "Serras da Xixila", alicerçando a operação no consumo nacional, tendo em conta o tradicional interesse dos angolanos pelo consumo de vinho. "Nós estamos a trabalhar nesse sentido. É preciso encontrar a oportunidade de levar o vinho para o mercado externo, mas agora é tempo de trabalhar o mercado interno", rematou.
