"Nós tínhamos previsto inicialmente produzir cerca de 10 milhões de quilates para este ano e temos estado a ajustar, pensando que este período bastante complicado possa estar resolvido dentro dos próximos quatro meses (...) Consideramos neste momento uma redução da produção na ordem dos 20 por cento, o que significa que nos devemos situar nos oito milhões de quilates pelo menos", disse o presidente do Conselho de Administração (PCA) da Endiama, Ganga Júnior.
O responsável falava à margem do anúncio dos resultados do concurso público para a outorga de direitos mineiros para a prospeção e exploração de diamantes, ferro e fosfatos.
Ganga Júnior salientou que, neste momento, todas as minas estão a funcionar. "Felizmente estão a aguentar", mas as vendas de diamantes estão paradas.
"Não há mercado neste momento. Para todas as minas reduzimos a intensidade de exploração, até porque não é possível neste momento termos 100 por cento dos trabalhadores, uma boa parte deles está em casa", disse.
O responsável da concessionária de diamantes frisou que, nesta altura, os trabalhos decorrem em situação de equilíbrio e com a constituição de 'stocks'.
"[Estamos a trabalhar] com o sistema financeiro e com as reservas de cada uma delas, no sentido de não termos pressa na venda, porque a situação não está boa e esperamos que sejamos todos resilientes e saiamos vitoriosos", acrescentou.
O PCA da Endiama sublinhou que a meta de Angola é tornar-se, até 2022, no terceiro maior produtor mundial de diamantes, atingindo o patamar dos 14 milhões de quilates anuais, e para o efeito estão em curso alguns trabalhos.
"Primeiro, melhorando as minas que já existem, este é um trabalho que é de todos os dias e que está já a surtir os seus efeitos, e temos também para começar, a exploração experimental (Luachi), mas também a melhoria significativa da antiga concessão do Luó, que tem a Camachia Camagico e mais outros kimberlitos descobertos. Estamos neste momento a estruturar para aumentar a capacidade de produção", frisou.
"Continuamos com esse objectivo, não obstante as circunstâncias actuais da covid-19, mas pensamos que é passageiro, vai passar. As perspectivas de mercado para longo prazo apontam para a continuidade da procura de diamantes e pensamos que vamos conseguir", disse.
"Neste momento a movimentação de pessoas é complicada", sublinhou Ganga Júnior, realçando que os mercados de diamantes, nomeadamente a Índia, Antuérpia, Israel estão fechados e a China começam a reabrir.
"Estamos com a sensibilidade necessária para nos ajustarmos a esta realidade do covid-19", concluiu.