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Covid-19: pandemia obrigou a interromper renegociação da dívida de Angola

A pandemia provocada pelo novo coronavírus obrigou o país a interromper a renegociação da dívida soberana e comercial com os seus principais credores, um processo entretanto retomado, afirmou esta Sexta-feira o Presidente.

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João Lourenço abordou, na abertura de um encontro com a sociedade civil sobre o impacto da covid-19 sobre as famílias e as empresas, "a ameaça" do grande endividamento externo e sua relação com o Produto Interno Bruto (PIB), bem como o reembolso com alguns dos principais credores sob a forma de barris de petróleo.

Salientando as preocupações com a sustentabilidade da dívida, o chefe de Estado disse que, em Dezembro de 2019, Angola liquidou a dívida para com o Brasil e deu depois início à renegociação com as principais instituições credoras de Angola, "processo que foi interrompido por pelo menos três meses por força da pandemia da covid-19, porém já reatado e cujos resultados serão oportunamente conhecidos".

O Presidente revelou que, além das medidas de consolidação fiscal, Angola tem estado a "trabalhar de forma construtiva" com os principais parceiros internacionais, em medidas que permitem garantir o crescimento económico, e na solução dos problemas sociais que o país ainda enfrenta, bem como a sustentabilidade das finanças públicas.

O chefe de Estado apontou os efeitos directos e indirectos da pandemia, nomeadamente a forte queda do preço do petróleo, lembrando que os recursos do petróleo representam mais de 60 por cento das receitas tributárias de Angola e mais de 90 por cento das suas receitas de exportação.

Esta queda teve várias consequências, entre as quais, a redução das receitas cambiais e da capacidade de pagamentos do exterior, a redução das receitas fiscais do Estado, a redução da capacidade de endividamento do país no exterior e internamente, e a diminuição da actividade económica não petrolífera, devido ao abrandamento da procura.

João Lourenço falou também sobre as medidas de apoio às empresas e às famílias, destacando a necessidade de rever o Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020, alterando o preço de referência do barril de petróleo dos actuais 55 dólares "para um valor mais realista e compatível com a tendência actual que se verifica na trajectória do preço desta 'commodity' no mercado internacional".

O executivo vai também rever o Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022 que orienta a acção governativa.

A par da revisão do OGE para 2020, o Presidente salientou que "o executivo vai igualmente proceder a uma revisão intercalar do Plano de Desenvolvimento Nacional, elaborando um Programa de Acção para os anos 2020 a 2022, na base de pressupostos que mais se ajustem à situação actual do país e do mundo".

O foco continuará a ser dado à área social, onde se inclui a educação, a saúde e a protecção social e, sobretudo, ao aumento da produção nacional, único caminho para fazer face ao ambiente de recessão económica e à forte dependência da economia do petróleo.

"Só com o aumento da produção nacional poderemos aumentar os níveis de emprego em Angola e assim aumentar os rendimentos dos cidadãos e das famílias angolanas", frisou João Lourenço, acrescentando que o ritmo de execução do programa de apoio à produção nacional, substituição de importações e promoção das exportações (Prodesi) vai ser acelerado.

Para alcançar a auto-suficiência na produção dos produtos básicos de maior consumo vão ser dados incentivos a quem aposte na produção local, devendo ser "removidas todas as eventuais barreiras que ainda persistam, e que tenham prioridade no acesso ao crédito e às divisas, para a importação da maquinaria e matérias-primas de que necessitem", adiantou.

O chefe de Estado afirmou que o petróleo "fez adormecer certos países na ilusão de que as receitas do petróleo compram tudo" e estagnou a economia, enquanto apenas a agricultura, as pescas, a indústria transformadora, o turismo e outras, "garantem efectivamente a segurança alimentar, o emprego sustentável e a oferta de bens essenciais às populações".

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