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Empresas publicitárias angolanas com quebras de receitas de 75 por cento

A Associação Angolana das Empresas de Publicidade e Marketing (AAEPM) anunciou esta Quinta-feira que empresas do sector registaram quedas de receitas na ordem dos 75 por cento, no primeiro trimestre de 2020, agravadas sobretudo pela covid-19, admitindo o "encerramento de muitas".

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"A covid-19 veio agora, praticamente, cortar as poucas receitas que havia, este corte representa nas empresas algo entre os 60 e os 75 por cento e temos também notícias mais alarmantes de que temos associados a pensar seguramente em fechar as portas", afirmou esta Quinta-feira o presidente da AAEPM, Nuno Fernandes.

Segundo o responsável, o actual quadro do sector publicitário "é dramático", sobretudo porque esta indústria "vai engrossar o exército de empregados que este país já tem" e vêem-se "sonhos morrerem desta maneira".

Falando sobre o impacto do novo coronavírus no sector e as acções dos primeiros três meses de 2020, Nuno Fernandes recordou que Angola regista recessão nos últimos cinco anos e a covid-19 "foi apenas um murro violento no estômago que as empresas que já estavam debilitadas acabaram por sofrer".

O negócio da comunicação publicitária no país, recordou, valia cerca de 950 milhões de dólares, entre 2012 e 2013, mas desde 2014, início da crise económica, financeira e cambial do país devido à queda do preço do petróleo, que as receitas "caíram drasticamente".

"Muitas empresas mantiveram, ainda durante muito tempo, as suas estruturas, porque pensavam que a crise pudesse ser passageira, o facto de manterem essa estrutura e vivendo uma quebra de receitas agravou a sua própria situação interna", notou.

Então, frisou, "isto veio desequilibrando as empresas que ao longo desses quatro e cinco anos viram diminuir drasticamente as suas receitas".

Com empresas com dificuldades de pagar salários dos meses de Março e Abril, o presidente da AAEPM defendeu apoios às empresas prestadoras de serviços.

"Temos é que perceber que as empresas estão incapazes neste momento de pagar salários, as empresas começaram a ser atingidas em Março, em Abril muitas empresas de comunicação deixaram de ter actividade praticamente normal, virão inclusivamente a aumentar alguns custos", realçou.

Para acudir a situação das empresas do sector, "muitas mobilizaram para casa os seus funcionários com meios e contratações de Internet", o Estado deve criar "mecanismos para as empresas de serviços sobreviverem por empregarem milhares de trabalhadores".

Em relação às medidas de alívio económico do Estado, definidas para acudir o impacto da covid-19 nas empresas do sector produtivo e famílias, o gestor sublinhou que para este sector assiste-se apenas a "medidas de deferimento".

Na semana passada, os jornalistas, sobretudo de órgãos privados, manifestaram-se confiantes que a "situação crítica" do sector, agravada pela covid-19, com "dificuldades para pagar salários", será ultrapassada, após reunião com o ministro da Comunicação Social sob indicação do Presidente.

Anteriormente, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos e o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA, na sigla inglesa) Angola já haviam manifestado à Lusa o "quadro sombrio" que o sector privado da comunicação social apontando a "redução da publicidade para mais da metade" como dos principais factores.

Hoje, Nuno Fernandes manifestou solidariedade com as empresas privadas de comunicação social, considerando que possíveis apoios devem serem canalizados igualmente às agências publicitárias, com produção da publicidade institucional a serem difundidas nos meios de comunicação social.

"Se o Estado usar essas empresas para construírem essa comunicação institucional ela depois é veiculada nos órgãos de comunicação e tudo isto, com o Estado como grande promotor da actividade, o Estado assumiria aqui um papel muito importante na sobrevivência do sector publicitário e da comunicação social", assinalou.

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