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Agricultura e comércio de bens alimentares com mais oportunidades no pós-pandemia

A diminuição de importações devido à covid-19 pode beneficiar a agricultura e o comércio de bens alimentares em Angola, sectores a que o Governo deve dar prioridade para garantir segurança alimentar, segundo um estudo divulgado esta Segunda-feira.

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De acordo com o estudo “Covid-19: Impactos económicos e sociais em Angola”, do Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola, a crise pode trazer grandes oportunidades de negócio para a agricultura (a familiar em particular) e do comércio de bens alimentares.

“Com a diminuição das importações estes sectores poderão beneficiar de uma procura adicional pelo que achamos o foco da protecção do Governo às empresas deve priorizar estes dois sectores como formas de garantir a segurança alimentar e impedir a agudização da pobreza extrema que poderá facilmente resvalar para episódios de fome, principalmente nos centros urbanos”, defendem os investigadores do CEIC.

O estudo indica que as famílias “vivem sob a ameaça do aumento dos custos dos bens básicos, devido à disrupção que se vive na cadeia de fornecimentos, devido à redução do rendimento familiar, aos potenciais despedimentos e cortes salariais” e o menor consumo da sua produção de bens e serviços, sobretudo no mercado informal, uma situação que já era precária antes mesmo da covid-19.

“As medidas de contenção e mitigação da propagação do coronavírus que limitam fortemente as liberdades das populações agravam a situação em moldes alarmantes”, alerta-se no estudo, apontando os casos de desobediência e os excessos na aplicação da lei por parte das forças de ordem e segurança.

“Daí percebe-se que o alto nível de informalidade da nossa economia e a precariedade das condições de vida comprometem a aplicação das medidas de contenção”, destaca-se no documento.

Entre as medidas para aumentar a eficácia do pacote financeiro destinado à agricultura anunciado pelo Governo, o CEIC recomenda: identificação de culturas de segunda época, da produção de animais e pequena espécie e apoios (meios de transporte, abertura de poços de água, disponibilização no mercado de motorizadas e electrobombas) a pequenos e médios produtores agrícolas.

No documento, recomenda-se ainda a importação de insumos e de pequenos equipamentos para a agricultura; mobilização dos produtores para recuperação (limpeza de valas de drenagem) e constituição de regadios; fomento e apoio imediato de actividades pesqueiras; importação e venda de camiões de pequena tonelagem para distribuição de bens agrícolas; criação atempada de sistemas de distribuição alimentar, identificando populações carenciadas; e subsidiação dos transportes de passageiros, fundamental para o funcionamento da economia, incluindo produção, distribuição e consumo alimentar.

O estudo sustenta que as medidas devem ser geridas a nível dos governos provinciais e administrações municipais, com as organizações religiosas e da sociedade civil a servir como parceiros do Governo na identificação das famílias mais carenciadas e como fiscalizadoras da implementação dos programas.

“Chegou o momento para a agricultura desempenhar o seu papel, desde sempre adiado, e ocupar na estrutura económica e produtiva nacional um peso relativo acima de 15 por cento, conferindo-lhe um lugar especial e passível de ser cumprido, de suporte à diversificação da economia, ao combate contra a pobreza e de melhoria na distribuição do rendimento nacional”, aconselha o CEIC.

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