De acordo com o relatório anual da agência, que não altera o rating B3, "o perfil de crédito de Angola reflecte a sua estrutura económica, que continua altamente vulnerável aos choques do preço do petróleo, e à capacidade institucional muito fraca", salientando que há, este ano, uma descida das necessidades de financiamento, de 23 por cento para 15 por cento do PIB, um valor considerado "ainda elevado".
O documento explica que o rating em terreno negativo, ou seja, sem recomendação de investimento, "reflecte a deterioração da capacidade de crédito nos últimos anos, em que a dívida pública saltou de 28,2 por cento do PIB, em 2014, para 79,6 por cento em 2018", e o facto de o ‘stock’ e o custo de servir a dívida "continuam vulneráveis a desvalorizações adicionais da moeda nacional".
"A implementação do programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os esforços do Governo para limpar dívida, melhorar a liquidez em dólares e melhorar a implementação do Orçamento vão ajudar a economia angolana", comentou o vice-presidente da Moody's e co-autor do relatório.
"Ao mesmo tempo, a flexibilização da taxa de câmbio ajudou a restaurar a estabilidade macroeconómica e esperamos que a inflação vá descer nos próximos dois anos", acrescentou Aurelien Mali, citado no comunicado de imprensa que acompanha o relatório.
No relatório, a Moody's refere que entre os pontos fortes do país estão as "melhorias no ambiente macroeconómico, apoiadas por uma subida dos preços do petróleo e um ambicioso plano para diversificar a economia, alicerçado num abrangente programa do FMI".
A perspectiva de evolução estável, ou seja, a percepção da Moody's de que não vai mudar o rating nos próximos 18 meses, é sustentada "na gradual recuperação apoiada pelo aumento da produção de petróleo e por novos projectos no gás".
“A subida dos preços do petróleo vai sustentar a posição externa do Governo e dar algum alívio às pressões de liquidez e de sustentabilidade da divida", adianta.