Oh minha África!
África martirizada e escravizada;
África que ao mundo seus filhos pariu
separados abruptamente do leito de sua mãe
carregados em porões de navios entre espólios e grilhões
maltratada e açambarcada;
África que ao mundo seus filhos emprestou
nos becos e musseques ecoa a voz do aflito e do necessitado.
faminto e cansado de tanto procurar e nada encontrar;
Oh minha África!
Do deserto aos oásis
bela és, concepção pura e genuína
negra de carapinha dura
ao peito carregas tetas lindas, de pele pura
nas costas carregas as cicatrizes da vida
tatuadas na pele pelas chibatas do capataz
na cabeça carregas o sustento dos filhos
de dia e noite zungas de cima a baixo
suor no rosto é a recompensa que a vida te dá.
Entre abuses e canhões
continuas martirizada pela ganância e arrogância dos teus filhos
em vez de pão dás balas
em vez de alegria ofereces pranto e dor
em vez de paz ofereces guerra
até quando oh minha África?
olha para os teus filhos, quantos mais teremos que perder?
Estás velha e desdentada
foste desamparada por quem amparo devia te dar
Mesmo distante te amaremos
não me julgues, foi a vida a culpada de tudo;
Levanta –te África minha!
ergue –te dos escombros
valente guerreira, vai a luta!
Não desistas e não desistiremos de ti.
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Valdemar Vieira Dias Partilhando o meu juízo