Eduardo Peres Alberto contou à Lusa que a sua residência, em Luanda, foi vandalizada por elementos estranhos, que partiram uma das janelas de um dos quartos e depois enviaram mensagem ao telemóvel da filha com "promessas de mortes", após o susto.
"Foi no período entre as 10h30 e 11h00 locais, desta Segunda-feira, em plena luz dia, depois de vandalizarem a casa quebraram uma das janelas de um dos quartos e de seguida enviaram uma mensagem ao telemóvel da minha (filha) primogénita de que "viram o susto a próxima vez vamos matar"", disse.
Para o líder o Sinpes, órgão que coordena a greve por tempo indeterminado retomada em 27 de Fevereiro passado, os elementos que vandalizaram a sua casa são os mesmos que desde 28 de Março passado têm feito ameaças com mensagens ao seu telemóvel e ao da filha.
"Estás a ir longe demais com esta greve e depois não diz que não foste avisado" este é, de acordo com Peres Alberto, o teor da primeira mensagem enviada ao seu telemóvel por anónimos.
De seguida, prosseguiu, os mesmos elementos enviaram igualmente mensagem à filha como seguinte conteúdo: "Aconselha o teu pai e o seu grupo que nós vamos atacar caso não levantarem a greve".
"Passado uma semana depositaram à porta da minha casa uma fotografia editada com uma cruz, a polícia tem essas informações e ontem foram vandalizar a residência e já não há dúvidas que são o mesmo grupo", salientou.
Os professores do ensino universitário público retomaram a 27 de Fevereiro a greve, por tempo indeterminado, em protesto contra os "salários miseráveis" e a inversão de prioridades do executivo.
Os professores reivindicam actualização dos salários, melhores condições laborais, seguro de saúde e outras, constantes de um memorando de entendimento de 17 de Novembro de 2021.
"O nosso único parceiro é o Governo com quem nós assinamos o memorando de entendimento no dia 17 de Novembro de 2021, não conhecemos um outro parceiro interessado ao levantamento da greve, porque os meliantes exigem de nós o levantamento da greve", referiu o responsável do Sinpes.
Questionado se temia pelo pior, na sequência da vandalização da sua residência, Eduardo Peres Alberto respondeu: "Ainda que matarem o secretário-geral a greve não parará e a qualidade do ensino superior não melhorará também por causa deste acto".
"Entendemos é que as ameaças não nos devem fazer recuar, a greve é nacional e é por tempo indeterminado, se acham que morrendo o secretário-geral ou matando o secretário-geral vão acabar com a greve enganam-se", atirou.
"Portanto, o Governo, neste momento, a polícia e os serviços secretos devem desempenhar o seu papel e apresentarem os meliantes autores desses todos actos", frisou.
O sindicalista lamentou ainda o silêncio das autoridades policiais, onde já fez queixas, e do Governo em torno dos pontos constantes do caderno reivindicativo dos docentes.
Estudantes realizam várias manifestações a partir de Sábado, 15 de Abril, em Luanda, a pedir o regresso às aulas nas universidades públicas do país, paralisadas há mais de um mês, devido à greve dos professores.
Segundo o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), as manifestações, que devem ter início a 15 de Abril e decorrerem até 14 de Maio próximo, visam alertar as autoridades no sentido de responderem às reivindicações dos docentes universitários.