No relatório 'Fiscal Monitor', divulgado no âmbito dos Encontros da Primavera, que decorrem esta semana em Washington, Angola deverá manter a trajectória de descida da dívida pública que iniciou no ano passado, depois de em 2020 ter atingido o recorde de 136,8 por cento do PIB.
O relatório, que apresenta apenas os quadros com os valores, sem explicações, prevê que no próximo ano as autoridades de Angola consigam manter a trajectória de redução da dívida pública em função do PIB, que passará de 57,9 por cento, este ano, para 54,6 por cento em 2023 e continuará a reduzir-se até chegar a 36,1 por cento, em 2027, o último ano de previsões do Fundo.
Na terça-feira, noutro relatório divulgado no âmbito dos Encontros da Primavera, que decorrem em conjunto com o Banco Mundial até ao final da semana a partir de Washington, o FMI já tinha avançado a previsão de crescimento económico para Angola, que deverá registar uma expansão de 3 por cento este ano e 3,3 por cento em 2023.
O FMI melhorou na Terça-feira ligeiramente a previsão de crescimento económico para a África subsaariana em 0,1 pontos percentuais, para 3,8 por cento, mantendo a estimativa de 4 por cento para 2023, face às previsões de Janeiro.
De acordo com as Previsões Económicas Mundiais, as economias da região vão crescer 3,8 por cento este ano, registando-se uma expansão de 3 por cento em Angola e de 6,1 por cento na Guiné Equatorial, que assim interrompe vários anos de recessão, embora deva voltar a um crescimento negativo no próximo ano.
Segundo o documento, a Nigéria, a maior economia da região, deverá registar uma expansão económica de 3,4 por cento e de 3,1 por cento neste e no próximo ano, o que representa uma melhoria de 0,7 e 0,4 pontos percentuais, respectivamente, face à actualização de Janeiro das Previsões Económicas Mundiais divulgadas em Outubro do ano passado.
"Na África subsaariana, os preços mais altos dos alimentos vão prejudicar o poder de compra dos consumidores, principalmente entre as famílias com menores rendimentos, o que vai influenciar negativamente a procura interna; a agitação social e política, principalmente na África Ocidental, também influencia a perspectiva de evolução" das economias da região, lê-se no relatório divulgado.
Ainda assim, a subida dos preços do petróleo, que tem estado acima dos 100 dólares, é um ponto positivo para os principais exportadores de petróleo na região, como a Nigéria e os lusófonos Angola e Guiné Equatorial, que, no conjunto deverão crescer 3,4 e 3,1 por cento em 2022 e 2023.
O relatório divulgado não apresenta as previsões para todas as economias africanas, cuja análise regional só ficará disponível na próxima semana, quando for divulgado o relatório sobre as Previsões Económicas para a África subsaariana.
O FMI reviu também na terça-feira em baixa as previsões para o crescimento económico mundial este ano em 0,8 pontos percentuais (pp), para 3,6 por cento, devido sobretudo ao impacto da guerra na Ucrânia, segundo as Previsões Económicas Mundiais.
De acordo com a actualização das projecções económicas mundiais, a instituição liderada por Kristalina Georgieva vê a economia mundial a crescer 3,6 por cento este ano e em 2023, um corte de 0,8 pp e de 0,2 pp, respectivamente, em comparação com as previsões de Janeiro.
A desaceleração do crescimento face aos 6,1 por cento em 2021 assume que o conflito na Ucrânia permanece confinado ao país, que as novas sanções à Rússia não abrangem o sector de energia e os impactos económicos e de saúde da pandemia diminuem ao longo de 2022.
"A guerra na Ucrânia desencadeou uma crise humanitária dispendiosa que, sem uma solução rápida e pacífica, pode tornar-se esmagadora. O crescimento global deverá desacelerar significativamente em 2022, em grande parte como uma consequência da guerra", assinala a instituição de Bretton Woods.