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Angola pede “maior intensidade” na CPLP para candidatura de ex-campo do Tarrafal à UNESCO

O ministro da Cultura pediu esta Quinta-feira, na Praia, uma “maior intensidade” na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a candidatura do ex-campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, a património mundial da UNESCO.

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"Este é um processo que temos que trabalhar com maior intensidade, penso que não só na cooperação bilateral, mas na cooperação no campo da CPLP ou no campo dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], mas sobretudo no campo da CPLP", defendeu Filipe Silvino de Pina Zau, na cidade da Praia, após uma audiência com o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves.

Classificado como Património Cultural Nacional em 2004, o antigo campo de concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, integra a lista indicativa de Cabo Verde a património da UNESCO.

Em Julho de 2021, os governos de Cabo Verde e Portugal assinam um memorando de entendimento para a candidatura do espaço histórico a Património da Humanidade, cuja entrega foi adiada em 2020, mas o executivo cabo-verdiano espera depositar o dossiê ainda este ano ou no próximo.

O titular da pasta da Cultura de Angola - país que detém actualmente a presidência da CPLP - lembrou que, além do seu país, o campo recebeu presos portugueses, moçambicanos, guineenses, são-tomenses e cabo-verdianos.

"Tarrafal foi um centro de resistência para que a autonomização de cada um destes países pudesse colocar-se mais tarde", sublinhou o ministro, destacando, por isso, a importância da história comum desses países que têm o português como língua oficial.

"Nós não podemos, de maneira nenhuma, ocultar a História, ela existe e muitas vezes para se andar para a frente é bom que nós olhemos pelo retrovisor da História para que nos ajuda a caminhar de forma mais sustentável, mais segura e possamos levar por diante os interesses mútuos de cada um dos nossos países", completou.

Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de Outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.

Reabriu em 1962, com o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Após a sua desactivação, o complexo funcionou como centro de instrução militar e desde 2000 alberga o Museu da Resistência.

Ao todo, foram presas neste "campo da morte lenta" mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.

Filipe Silvino de Pina Zau, que tutela também as pastas do Turismo e Ambiente, está em Cabo Verde para participar nas festas do município de São Filipe, na ilha do Fogo, em representação do Presidente da República, João Lourenço.

Depois da audiência, o ministro seguiu viagem para a ilha do Fogo, onde também vai estar presente o chefe de Estado cabo-verdiano, que é o Presidente de Honra das celebrações, que este ano assinalam o centenário.

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