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Montar parabólicas sustenta na rua dezenas de jovens em Luanda

A venda, montagem e manutenção de antenas parabólicas representa um ganha-pão para dezenas de jovens de Luanda, mas os tempos já foram melhores, por causa da crise que afecta o país desde finais de 2014.

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A Lusa encontrou alguns destes jovens, com formação básica e que trabalham por norma de Segunda a Sábado, na zona da Vila Alice, centro da cidade de Luanda, nas imediações de uma empresa de comercializa receptores de televisão por satélite.

"O nosso dia-a-dia não é muito rentável, mas dá para sobreviver. Aqui temos uma boa relação com os clientes, por vezes temos muitos clientes e noutras vezes nem sequer um aparece. Mas conseguimos entre 2000 e 3000 kwanzas por dia", explicou à Lusa, Pedro Domingos, de 31 anos, um destes técnicos de rua.

Sobe ao telhado para montar antenas parabólicas, seja nos prédios da cidade ou nos bairros da periferia, até porque uma grande parte das casas recebe sinal de televisão por satélite, e monta ainda por conta própria os descodificadores.

Há sete anos que o ofício, que aprendeu com os colegas, ajuda ao sustento da família, apesar de a crise que Angola atravessa ter afectado em muito o negócio.

"Ainda conseguimos fazer qualquer coisa, para não deixarmos a família com fome. No país o índice de desemprego é muito elevado, daí que estamos aqui para ganhar a vida", conta.

Precisamente num mês que o país dedica à Juventude, Pedro Domingos não esconde o sonho de ter um negócio próprio, nesta área: "Gostava de ser um empreendedor de sucesso, para ajudar a desenvolver o nosso país".

A par das montagens e até das vendas, estes jovens técnicos de rua também se anunciam como habilitados na manutenção das antenas parabólicas em edifícios públicos e privados. Um negócio mais rentável, em que há serviços que, globalmente, podem garantir um encaixe de 500.000 kwanzas, conforme explicou à Lusa Fernando Zeca.

Aos 35 anos, conta a crise "deitou abaixo" o negócio: "A procura baixou muito, porque a crise também não poupou os nossos clientes. Daí que há momentos que não conseguimos ganhar nada, mas há dias que podemos conseguir uns 5000 kwanzas", disse, augurando por um emprego melhor e a conclusão dos estudos.

Uma ideia partilhada por Domingos Kila, que há 10 anos faz da rua, em Luanda, uma espécie de ponto de contacto para os clientes que querem instalar as parabólicas, que além da agilidade de subir ao telhado obriga ainda a conhecimentos técnicos na sua regulação.

"Eu sou técnico e o nosso dia aqui é marcado com trabalhados intercalados. Dia sim, dia não, mas a actividade dá para pelo menos sustentar a família. Posso levar para casa por dia entre os 3000 e os 5000 kwanzas, porque a crise também afectou e ficamos mesmo dias sem qualquer serviço", explicou.

Ter um "emprego fixo e estável" e dar um "outro rumo à vida" é, aos 30 anos, o desejo de Domingos Kila, comum aos colegas com que partilha a rua, à procura dos clientes que saem das lojas de antena na mão, prontas a instalar.

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