Ver Angola

Opinião Só para adoçar mais um pouco

Nossos amigos, nossos clientes

Joel Sérgio

Joel Sérgio, licenciado em Gestão da Produção e Marketing pela Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica de Angola, é administrador e fundador da Livraria Tchi Criativa. Em nome próprio conta já com quatro obras literárias publicadas, a última das quais "A Vida é uma Dança".

Em tempos queixei-me a um grupo no whattsapp que normalmente os amigos são os últimos a comparecer nas nossas iniciativas o que normalmente nos deixa tristes, desapontados e (quase) com vontade de matar um traidor. Nessas horas somos até capazes de pensar que não faríamos uma coisa dessas caso os papéis estivessem invertidos.

Robert Guehne:

No entanto, os nossos amigos, por sua vez, acham que entendemos o que se passa com eles, que como amigos não podemos só cobrar, cobrar, cobrar, pois como dizem por aí, as verdadeiras amizades não contemplam cobranças. Então, acabamos como os que supostamente entendem sempre, sabem sempre, mas afinal sofremos às escondidas.

Então lembrei-me das vezes em que não pude ir ao lançamento do livro de um amigo, ou das vezes que adoeci logo no dia em que alguém se casava, ou mesmo quando os meus filhos decidem que ninguém sai, e o que foi que usei como desculpa? Os amigos não podem só cobrar, cobrar, cobrar: gindungo no olho do outro é refresco. Não é bem diferente quando nos lembramos das nossas falhas! 

Mas não escrevi para “adoçar” a confusão, apenas para mudarmos a nossa abordagem. Em vez de pensarmos que eles “são obrigados” a apoiar as nossas iniciativas, temos que pensar em atraí-los para elas, a ponto de fazerem qualquer coisa para estarem onde precisamos que estejam, não apenas por precisarmos deles, mas por termos uma proposta que os satisfaça completamente.

Mas para isso, temos de trata-los como… clientes, ou melhor, como potenciais clientes. 

Esses potenciais clientes, até são pessoas que passam boa parte do tempo em nossa companhia e que podem ser os nossos embaixadores lá onde não podemos chegar. Os amigos são pessoas que conhecemos bem. Devemos usar esse conhecimento privilegiado que possuímos para impressionar e até mesmo encantar primeiro aos de casa (amigos e familiares), depois aos da cidade e por fim aos do país até aos confins da Terra. Não é tão fácil assim, mas como já dispomos do conhecimento, temos só é que tirar o máximo proveito dele.

O que os seus familiares e amigos mais gostam? O que lhes faria a vida mais completa? Se tiver alguma dúvida, pergunte. Também precisa de saber do que eles não gostam. Pergunte-lhes o que poderia fazer para tentar satisfazê-los – desde que dentro do negócio, claro! – e faça uma rápida análise sobre as suas competências e as características da sua iniciativa e como estas pode servir aos interesses deles.

Monte o seu produto ou serviço tendo como alvo a plena satisfação dos seus amigos. Não tem que ser um produto ou serviço perfeito de início, pode ir dando para eles provarem até que fique do jeito que eles gostam. Se conseguir fazer isso, terá mais de metade do caminho para o sucesso. Depois é só dizer: “Lembra daquele geladinho gostoso que a tua esposa gostou? Vamos vende-lo Sábado à noite, vai vacilar?”.

Amigos e negócios podem ter tudo a ver, uma vez que existe uma base de confiança que se foi criando ao longo do tempo. 

Mas não relaxe na qualidade de apresentação do seu negócio só porque fala para os seus amigos. Envolva também outras pessoas que têm alguma influência sobre eles, coisas como “a tua mãe vai ficar encantada” ou mesmo “a tua esposa vai te amar mais”, soam maravilhosamente bem. Se conseguir uma boa apresentação fará com que as pessoas ao seu redor digam: “se os amigos dele compram, também compro!”

Não precisa de mendigar para que os seus amigos apareçam quando o seu negócio é mesmo bom. Convença-os a aparecer apontando para as qualidades da sua iniciativa e evidenciando a forma como o seu produto ou serviço pode satisfazer as necessidades dos seus amigos. Pense neles como amigos, mas também como clientes. Se os satisfizer terá um grupo de pessoas orgulhosas por causa do produto e do produtor. Você só tem a ganhar.

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