Ver Angola

Sociedade

Luciana Peres: “O projecto Kilumba resulta da realização de um sonho de vida”

O amor e a perícia para o desenho foram herdados da família paterna, mas foi a mãe, que lhe chamava de “sua Kilumba africana” que deu o nome ao projecto. O termo significa “mulher bonita” em Kimbundo e é mote da concretização de uma ambição antiga de Luciana Peres. Com uma carreia solidificada nas áreas económica e financeira decidiu deixar os números de lado e correr atrás dos sonhos.

:

Colocar a cultura africana em destaque internacional. A meta que traçou para si própria não é pequena, mas Luciana está na luta. Quer ver as suas peças de vestuário, calçado e acessórios como um “luxo acessível” e uma referência na em África e na lusofonia. African Tales é o nome da mais recente colecção, que homenageia as fábulas, o reino animal e a selva africana, num misto de cor e magia.

Fale-me um pouco sobre a fundadora da Kilumba. Quem é, de onde vem, quantos
anos tem, algumas experiências marcantes que tenha passado, etc.

Sou Luciana Peres, 33 anos, angolana de nacionalidade e identidade africana, mas cidadã do mundo de referências e filosofia de vida. Assumo-me como profissional da área económica e financeira, gestora e designer de moda. Trabalhei e trabalho em banca comercial e de desenvolvimento tanto no sector privado como no semipúblico. Já residi em vários países desde a terra natal Angola à Tunísia, por diversos motivos tais como realização de estudos e profissionais.

De onde surgiu a inspiração para criar a Kilumba? Porquê este nome?

O projecto Kilumba resulta da realização de um sonho de vida, a criação de uma marca de moda. O dom natural para o desenho e criação artística é herdado da minha família paterna. Vários membros, desde o meu avô paterno a tios e primos o possuem. Entre o sonho e a realidade há a minha formação, experiencia em gestão, e amadurecimento pessoal e profissional que me permitem agora implementá-lo.

O nome Kilumba - (que significa em Kimbundu – mulher bonita) - como em muitas histórias desta natureza, tem a sua origem no contexto familiar pessoal. A minha mãe, que é a minha fonte principal de conhecimento de línguas nacionais angolanas, carinhosamente chama-me de “sua Kilumba africana”, ou seja, sua menina/mulher bonita africana. Num tempo histórico em que o continente e a cultura africana estão a vários níveis e mais do que nunca em crescente destaque internacionalmente, esta denominação representa na perfeição o que são a visão e objectivos a atingir com este projecto.

O que é que fazem? Qual é a vossa missão?

Criamos, produzimos e comercializamos vestuário de qualidade, que contribua para uma imagem sofisticada da mulher executiva moderna, através de um design actual aliado ao saber fazer, acrescenta valor para a marca e o seu consumidor. A nossa missão é tornarmo-nos a marca de vestuário de eleição bem como símbolo de qualidade, conforto e estilo a nível regional e internacional.

Como é que podemos distinguir a Kilumba das restantes marcas de roupa?
Porquê o conceito “luxo acessível massificado”?

A nossa intenção de tornarmos na marca de eleição e referência a nível de moda africana e lusófona, assenta precisamente na premissa de criar vestuário, calçado e acessórios que aliem factores como tendência de moda, qualidade e que seja em simultâneo financeiramente acessível. Como se sabe cerca de 50 por cento da população africana situa-se na faixa etária dos 25 anos, e caracteriza-se por ser jovem, profissionalmente capaz e activa e por conseguinte detentora de poder de compra, ou seja, define-se como classe média. É este público e economias, e não só, que a Kilumba visa, quer em termos de fornecedor como de empregador.

Que tecidos usam? De onde vêm?

Pese embora nos pautemos por uma inspiração africana, o facto é que existimos numa época em que as fronteiras estão deveras esbatidas, e eu pertenço a uma geração pluralista em termos de referências. Daí que mesmo o nosso ponto de partida sendo o continente africano, procuramos vestir a mulher e público africano, descendente ou que se identifique, com consciência e posicionamento globalizado e moderno. Pelo que os materiais que privilegiamos vão desde o sobejamente reconhecido e tipicamente associado a moda africana, dutch wax print (pano de congo, tecido africano, capulana, são algumas das várias denominações comerciais adoptadas) aos tecnológicos e com pendor ecológico. Aproveitamos para revelar em primeira mão que a partir da próxima colecção iremos fabricar os nossos próprios padrões.

Que tipo de peças podemos encontrar nas colecções da marca? Trabalham com
linhas masculinas e femininas? Qual o público-alvo da Kilumba?

Como se trata de uma marca de pronto-a-vestir, a gama de peças desde vestuário a acessórios é criada e conceptualizada para acompanhar as várias ocasiões da vida de uma mulher moderna, sofisticada, globalizada e possuidora de consciência social. Desde as necessidades do quotidiano, compromissos profissionais às situações sociais e lazer familiar. O público-alvo da Kilumba é precisamente a mulher, homem ou criança africano pertencente a uma era moderna e globalizada e que por conseguinte procure, para servir as suas necessidades, um produto de moda com tais características.

O que é que podemos esperar da colecção mais recente? Quais as novidades?

Esta colecção marca o início de mais uma etapa crucial e como tal vitoriosa no processo de expansão da marca e implementação do projecto – que está a ser realizado por fases – que foram os lançamentos das linhas Kilumba Men, Kilumba Kids e Kilumba Accessories. A este nível, importa referir que para além de mim – promotora geral do projecto e responsável criativa – e numa lógica ceder oportunidade a outros criadores, enriquecendo a qualidade do produto Kilumba, a equipa criativa é composta por mais três designers muito capazes e talentosas: a Mafalda Trindade, a Marina Parente e a Tânia Ribeiro. Responsabilidade social é um dos principais valores da marca.

A colecção, que é para a estação Outono/Inverno – que se enquadra no Cacimbo Africano e Trópicos – é assim intitulada “African Tales” numa clara alusão aos contos africanos, que neste caso nos remetem às fábulas e por conseguinte ao reino animal e a selva africana. Elementos deste universo, desde palete de cores, temas, e materiais estão presentes de forma implícita e/ou literal nas diversas peças de vestuário, calçado e acessórios.

Quais os preços médios das peças mais vendidas pela marca?

Tratando-se de uma marca de pronto-a-vestir enquadrada no segmento híbrido “luxo acessível massificado”, regemo-nos pelos vectores de qualidade, tendência de moda a custo praticável ao nosso consumidor, segundo o perfil atrás traçado.

A Kilumba dispõe de algum espaço físico em Angola? Como são feitas as
vendas?

Nesta fase do projecto, a estratégia comercial da marca passa pela disponibilização dos produtos através de pontos de venda multimarcas, quer físicos quer online. Temos na calha algumas parcerias em fase de confirmação nos dois formatos e, aproveitamos para convidar a uma visita ao nosso website oficial: www.kilumba.com, para tomarem conhecimento de onde poderão adquirir peças de vestuário e acessórios Kilumba.

Em que países é que a marca está ou gostaria de estar representada?

Actualmente a Kilumba está presente essencialmente nos dois principais eixos de actuação, Angola e Portugal. Porém, temos a intenção de expandir a abrangência para os PALOP e Lusofonia em geral.

Consideram expandir-se para outras províncias angolanas ou para mercados
internacionais?

Como atrás referido, a expansão dentro de Angola, Portugal e à posteriori para a Lusofonia e internacionalmente são objectivos do projecto Kilumba.

Já representaram Angola em alguns dos mais conceituados evento de moda
africana. Contam voltar a marcar presença nessas passerelles este ano?

Do nosso calendário de actividades de lançamento e solidificação da marca no mercado em 2015, fazem parte diversos eventos desde desfiles, showrooms, exposições e feiras do ramo, que visam também a promoção da moda africana no mundo e nos quais teremos o prazer de forma individual e/ou em conjunto com outros pares representaremos Angola e África. Para mais detalhes da nossa agenda de eventos, podem seguirem-nos através das nossas plataformas electrónicas nas redes sociais, nomeadamente, Facebook, Twitter e Instagram.

Quais as apostas da marca para 2015? O que é que o futuro vos reserva?

Em 2015, contamos consolidar o nome Kilumba como marca de referência de moda pronto-a-vestir e eleição junto do nosso público-alvo a nível nacional e internacional. Em paralelo com um crescimento a nível de reconhecimento e presença comercial nos principais mercados que visamos, é igualmente nossa intenção principal contribuir activamente e de forma continuada para a melhoria das condições das comunidades locais em que estivermos presentes e para tal temos igualmente planeadas algumas acções.

Galeria

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.