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Número de angolanos em Portugal aumentou mais de 50 por cento em 10 anos

O número de cidadãos angolanos residentes em Portugal aumentou mais de 50 por cento nos últimos 10 anos, passando de 20.366 em 2012 para 31.435 em 2022, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) compilados pela Lusa.

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Angola fazia parte das cinco primeiras nacionalidades mais representativas em Portugal a 31 de Dezembro de 2012, depois do Brasil, Ucrânia, Cabo Verde e Roménia, com um total de 20.366 cidadãos residentes.

Dez anos depois, mais 11.069 angolanos escolheram Portugal para residir, totalizando 31.435, dos quais mais de metade preferiu Lisboa (17.440), seguindo-se Setúbal (5821) e Porto (2285).

As cidades de Braga (905), Santarém (893) e Coimbra, com 712 cidadãos, têm menos de mil angolanos a viver.

Madeira (40), Açores (41), Porto Alegre (57) e Guarda (59) são as localidades que registam menor número de cidadãos angolanos residentes.

Os dados referentes ao último ano, disponibilizados à Lusa pelo SEF, apontam que a maior parte dos angolanos residentes em Portugal é jovem na faixa etária entre os 20 e os 39 anos, totalizando 12.158 cidadãos.

Angolanos entre os 40 e 64 anos (10.150 cidadãos) era o segundo maior grupo etário residente em Portugal, em 2022.

Pelo menos 7071 angolanos até aos 19 anos residiam em Portugal no último ano, contando-se também com 308 angolanos de 80 anos e mais.

De acordo ainda com o SEF, 54 angolanos fizerem pedidos de protecção internacional, em 2022, mas não obtiveram acolhimento pelas autoridades migratórias lusas, por serem "infundamentados".

Cresce em Luanda a pretensão de cidadãos angolanos, sobretudo jovens, de emigrarem para Portugal, que consideram "porta de entrada para Europa", em busca de melhores condições de vida, desde estudos e emprego, por "falta de esperança" no país africano.

A "falta de esperança" em Angola motivou um grupo de jovens a criar o denominado "Movimento Cívico Vamos Sair de Angola", centrado na troca de informações sobre emigração, com o Canadá, Turquia, Portugal e Brasil entre os destinos pretendidos.

O movimento criado há um mês, por mais de 20 jovens estudantes e trabalhadores, que também desejam emigrar, serve como um canal de informação sobre os procedimentos internos e externos para emigrar, desde o tratamento do passaporte ao visto para o país de destino, como noticiou anteriormente a Lusa.

Dezenas de angolanos, sobretudo jovens, lotam em filas intermináveis as instalações no novo centro de vistos para Portugal, em Luanda, em busca de informações, passaportes e/ou solicitam de vistos para Portugal.

A socióloga angolana Luzia Moniz considerou, na passada semana, que o "êxodo" de jovens angolanos "qualificados" e suas famílias para Portugal e outras paragens da Europa resulta da actual "desgovernação" política e económica do país, temendo por uma "recolonização" em Angola.

Segundo Luzia Moniz, a actual emigração de jovens angolanos, com "esperança frustrada" pelas eleições gerais de 2022, é diferente daquela registada na segunda metade dos anos 1980, onde estes, a maioria menos qualificada, emigravam para escapar do alinhamento à guerra.

"Por isso mesmo eram os quadros menos qualificados e daí eles terem quase todos ou grande parte ido parar a trabalhos, como obras públicas e privadas, exactamente por essa sua falta de qualificação", disse à Lusa.

Hoje o fenómeno "é diferente, as pessoas não estão a fugir de uma eventualidade de ir para o campo de batalha, mas estão a fugir da falta de condições sociais, económicas e políticas no país", apontou.

"A desgovernação, esse modelo errado que o país adoptou em termos político e económico, é que leva muita juventude agora a fugir", salientou a também jornalista radicada em Portugal.

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