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João Lourenço diz que Angola poderá ser “um importante fornecedor” de gás à Europa

O Presidente da República, João Lourenço, considerou que Angola poderá tornar-se num “importante fornecedor” de gás e de hidrogénio verde à Europa.

: Ampe Rogério/Lusa
Ampe Rogério/Lusa  

"A Europa pode contar com Angola como um importante fornecedor não apenas de gás como também de hidrogénio verde", disse o chefe de Estado, em entrevista à Euronews.

Questionado sobre o facto de Angola vir a ser uma alternativa para a Europa que procura por substituições ao gás da Rússia, o Presidente disse que "Angola é uma alternativa".

"Angola é uma alternativa. Angola, neste momento, produz mais petróleo do que gás, embora tenhamos algum gás. Mas constituímos um novo consórcio para a produção de gás. Portanto, várias multinacionais, em consórcio, vão começar a explorar mais gás em Angola, há reservas identificadas", indicou, em declarações à Euronews.

O chefe de Estado referiu igualmente que o "gás em Angola não se desenvolveu muito, porque havia falta de legislação", acrescentando que o país "não tinha legislação específica para o gás, virada para o gás, e isso inibia, de alguma forma, as multinacionais".

No entanto, referiu que essa situação "está ultrapassada, desde 2017", acreditando-se que "a produção de gás natural, não gás associado, em Angola vai conhecer um boom nos próximos anos e, portanto, a partir daí, a Europa pode contar com Angola como um importante fornecedor não apenas de gás como também de hidrogénio verde".

"Já estamos a fazer contactos com alguns países europeus para a produção de hidrogénio verde", completou, citado pela Euronews.

Acerca da diversificação da economia, o Presidente da República disse estarem no bom caminho: "Estamos bem, estamos bem. Portanto, o sector não petrolífero da nossa economia está a conhecer um crescimento, digamos, satisfatório. E vamos continuar nesta senda. Mas vai levar algum tempo até que, digamos, as receitas provenientes do petróleo passem para segundo plano. Portanto, hoje ainda são as mais significantes, mas a tendência é de inversão. Há de chegar o momento da viragem em que o PIB nacional será constituído, sobretudo, por receitas vindas do sector não petrolífero".

Na entrevista à Euronews, o chefe de Estado aborda igualmente a guerra na Ucrânia e o seu impacto no continente africano.

"África não é uma ilha isolada no mundo. Nós vivemos num mundo globalizado, com uma interdependência entre nações muito grande. Portanto, a crise económica, a crise energética, a crise de segurança que esta guerra da Ucrânia provocou afecta todos os países do mundo, sem excepção, e talvez mais o continente africano, porque nós temos mais vulnerabilidades", referiu à Euronews.

Entre outros assuntos, o chefe de Estado também falou acerca da criação de autarquias. João Lourenço disse que a criação das autarquias não trata de uma "questão de promessa" eleitoral, mas sim de uma decisão.

"Não, não é eleitoral, é uma decisão. Nós apresentámos esta questão das autarquias, logo depois do início do meu primeiro mandato. Portanto, eu vim para a Presidência da República de Angola em 2017 e, se não estou em erro, foi em 2018 ou 2019, não estou muito certo, que numa reunião do Conselho da República e, por iniciativa nossa, minha, falámos da possibilidade de organizarmos as eleições autárquicas. E isto é tudo um processo, é um processo", apontou, acrescentando que "nunca houve eleições autárquicas em Angola. Vai ser a primeira vez. Vão acontecer quando? Não sei, mas vão ter de acontecer, necessariamente".

O chefe de Estado disse ainda à Euronews que "para que haja eleições autárquicas é preciso que exista um suporte legal".

"Nós estamos num Estado Democrático de Direito. Tudo tem que ter um suporte legal. Os especialistas definiram um conjunto de mais de dez leis autárquicas e grande parte delas já estão aprovadas pela Assembleia Nacional, com excepção, creio, que de uma fundamental. Faltará mais do que uma, mas falta uma que é fundamental, que é a definição do timing para a realização dessas mesmas eleições", indicou.

"Ou seja, há duas posições diferentes. Há quem pense que, logo pela primeira vez, o país deve realizar eleições autárquicas em todos os municípios do país. Esta é uma posição. E há quem seja mais prudente, não diria mais conservador, mas mais prudente, e considere que, por ser uma experiência nova, seria, digamos, dar um tiro no escuro, começando por realizar na totalidade dos municípios do país. Pensam que isso podia ser feito de forma faseada. Quando se ultrapassar este diferendo, entre forças políticas, aprova-se a lei e a partir daí o chefe de Estado estará em condições de criar as condições para convocar as eleições autárquicas", completou João Lourenço, citado pela Euronews.

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