Segundo o comunicado divulgado na conta de Facebook da Presidência, a unidade tem como objectivo principal "assegurar as áreas de acantonamento dos elementos do M23 e proteger os integrantes do Mecanismo Ad Hoc de Verificação"
A iniciativa decorre das decisões tomadas pelas diferentes mini-cimeiras sobre o processo de paz e segurança na RDCongo, em que Luanda assume responsabilidades como mediador no quadro do "Processo de Luanda".
Durante a cimeira tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), que abordou o processo de pacificação na região na presença dos chefes de Estado da RDCongo, Angola e Ruanda, em Julho do ano passado, foi aprovado um roteiro que previa entre outras acções, um Mecanismo de Verificação liderado por um oficial general angolano.
Este dispositivo tem a missão de investigar as acusações recíprocas entre RDCongo e Ruanda, bem como as alegações de violação da fronteira comum.
O Mecanismo de Verificação Ad-hoc integra ainda equipa de três peritos também angolanos com base na cidade de Goma, província do Kivu-Norte (RDCongo), apoiados pelo Mecanismo Conjunto de Verificação Alargada da CIRGL e pela MONUSCO (missão das Nações Unidas).
O comunicado acrescenta que "Angola tomou a iniciativa de informar os líderes da região sobre esta concertação, no quadro da coordenação entre os Processos de Luanda e de Nairobi, assim como as Nações Unidas, União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC)".
O Presidente angolano e Comandante-Em-Chefe das Forças Armadas Angolanas vai solicitar ainda autorização da Assembleia Nacional para envio do contingente.
A RDCongo acusa, há anos, o Ruanda de apoiar o Movimento 23 de Março (M23), um grupo rebelde que ocupa várias áreas e é acusado de cometer atrocidades contra a população civil.
Especialistas da ONU corroboraram esse apoio ruandês no Verão passado e vários países ocidentais, como os Estados Unidos, têm denunciado esse apoio, mesmo com Kigali a defender-se vigorosamente das acusações.
Em visita a Kinshasa – capital da RDCongo – na semanada passada, o Presidente francês, Emmanuel Macron, não condenou claramente Ruanda, mas emitiu advertências e pediu o fim dessa "agressão injusta e bárbara".
Em Setembro, na Assembleia-Geral da ONU, o Presidente congolês, Félix Tshiseked, acusou Ruanda, liderado por Paul Kagame, de "agressão" militar "directa" e "ocupação" no leste da RDCongo através do seu suposto apoio ao M23.
Desde então, sob a égide da União Africana e do Presidente João Lourenço, um plano de desescalada foi discutido e foi lançado um apelo em Addis Abeba, a 17 de Fevereiro, pela África Oriental para uma "retirada de todos os grupos armados" no leste do país, antes de 30 de Março.
O início do cessar-fogo foi agendado para 7 de Março pelo mediador angolano, e Macron assegurou a Kinshasa que todos "apoiam claramente" esta trégua.