Esta manhã, apesar do início do cessar-fogo ter sido marcado para as 12h00 locais, os confrontos continuavam nas frentes norte e sul daquela província no leste da RDCongo, e ambos os lados se acusavam reciprocamente de lançamento dos mesmos.
"Karuba (a cerca de 30 quilómetros a oeste da capital provincial, Goma) acaba de cair nas mãos dos rebeldes", afirmou em declarações à agência France-Presse uma fonte militar. "Atacámo-los ontem [na Segunda-feira] à noite, mas esta manhã lançaram um contra-ataque e a esta hora os combates continuam", acrescentou a mesma fonte.
"Os terroristas M23 e os seus patrocinadores das Forças de Defesa do Ruanda (forças armadas ruandesas) lançaram um ataque que visava o contingente do Burundi recentemente destacado, integrado na força da Comunidade da África Oriental (EAC)", anunciou na segunda-feira à noite o tenente-coronel Guillaume Ndjike, porta-voz das FARDC (forças armadas da RDCongo) no Kivu do Norte.
Ndjike acrescentou que o ataque de artilharia ligeira, com "morteiros", teve como alvo um campo de deslocados e a cidade de Mubambiro, a 20 quilómetros de Goma, causando "enormes danos".
Willy Ngoma, um porta-voz do grupo M23, afirmou à AFP que o exército congolês atacou "simultaneamente todas as (suas) posições" e que a rebelião ainda estava a ser atacada esta manhã. O M23 está a reagir "em autodefesa", acrescentou.
Antes deste cessar-fogo, anunciado pela mediação angolana na passada Sexta-feira, todas as anteriores iniciativas regionais lançadas para travar o avanço do M23 no Kivu do Norte nos últimos meses falharam.
No passado dia 3 de Março, a presidência angolana, nomeada pela União Africana como mediadora nesta crise, anunciou um novo calendário para a cessação das hostilidades, fixando-a a partir de hoje ao meio-dia, hora local, "em toda a região oriental da RDCongo".
O grupo M23, dominado por tutsis, manteve-se inactivo durante quase uma década, mas retomou os combates no final de 2021. Kinshasa acusa o Ruanda de apoiar este movimento rebelde, o que foi corroborado por peritos das Nações Unidas, ainda que Kigali o negue.