"Há uma necessidade de diversificar as nossas relações comerciais e temos de procurar cooperar noutras áreas comerciais e investimento, como a agricultura, indústria alimentar, tecnologia de informação, recursos minerais, saúde e setor farmacêutico, há várias áreas com amplas oportunidades e em que os países se podem complementar", disse à Lusa a embaixadora da Índia em Angola, Pratibha Parkar.
Os diamantes são uma das áreas em que ambos os países podem beneficiar de um estreitamento de relações, sendo Angola o terceiro maior produtor em África de gemas e a Índia líder mundial na indústria de lapidação.
Em Dezembro, representantes institucionais e empresários dos dois países reuniram-se num encontro virtual, que a diplomata considerou "muito bem sucedido", despertando grande interesse entre as duas partes.
Na sequência do evento, Pratibha Parkar já esteve com o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, e o presidente da diamantífera estatal (Endiama), Ganga Júnior para se inteirar das oportunidades e facilidades disponíveis.
"Sei que o governo angolano tem adoptado várias medidas para dinamizar o sector, estão a planear lançar uma bolsa até ao final do ano, tem uma zona económica especial a ser desenvolvida para dar facilidades as companhias que queiram investir nessas zonas e simplificar os regulamentos e legislação, por isso, temos também informado os nossos empresários sobre estes desenvolvimentos", salientou.
Actualmente, embora não exista um comércio directo de diamantes entre a Índia e Angola, já que a maior parte vai para o Dubai, o destino final é a Índia para lapidação e polimento, acrescentou a diplomata.
Em 2019/2020, as importações indianas de diamantes em bruto de Angola ascenderam a 6,01 milhões de dólares, um potencial que Pratibha Parkar considera que pode ser desenvolvido: "A única coisa que precisamos é trazer as empresas indianas até cá e encorajá-las a investir nesta área", tornando a relação comercial "mais lucrativa e frutífera para ambas as partes".
Actualmente, as relações comerciais com a Índia ascendem a 4 mil milhões de dólares, dos quais 3,7 milhões correspondem a exportações de Angola para o país asiático, sendo 90 por cento relativas a petróleo.
"A Índia e Angola mantêm relações bilaterais muito cordiais, desde a altura da independência do país africano, cuja luta de libertação foi apoiada pela Índia", adiantou a embaixadora, frisando que ambas as partes têm intenções de dar continuidade às visitas bilaterais, o que foi inviabilizado nos tempos mais recentes devido à covid-19.
Em Angola operam actualmente 65 empresas indianas, essencialmente dos sectores do retalho e indústria alimentar, mas Pratibha Parkar sublinhou também que há interesse dos investidores indianos na agricultura, farmacêutica e infra-estruturas.
A comunidade indiana, constituída por cerca de 6000 pessoas, está a crescer. Muitos trabalham no sector petrolífero e outros são empresários na área do comércio, indicou a embaixadora indiana.