Os momentos de tensão e o clima de frustração são visíveis no país, avança o Jornal de Notícias. No Sábado – dia em que se confirmaram os primeiros casos de Covid-19 em Angola – num supermercado da capital, vários angolanos agrediram uma portuguesa.
A vítima, de 50 anos, trabalha na Escola Portuguesa de Luanda teve de ser assistida no hospital depois de ter sofrido um traumatismo craniano.
O caso foi denunciado ao jornal português por uma colega da vítima, que é professora na mesma escola, e que preferiu não ser identificada. A fonte disse ter medo de sair de casa por ser constantemente insultada e ameaçada: "Vai-te embora (...), trouxeste a doença, vai para a tua casa".
A professora, que chegou ao país em Janeiro – altura em que a situação se encontrava minimamente controlada em Angola e, por essa razão, não fez quarentena obrigatória – considerou que desde Sábado que o clima tem estado tenso e apontou o dedo ao Governo porque ter feito o apelo aos angolanos para que denunciassem "aqueles que entram em Angola e não cumprem a quarentena obrigatória".
"Momentos depois do anúncio dos primeiros infectados, a lista começou a ser partilhada nas redes sociais", afirmou.
O desejo da portuguesa é agora o de regressar ao seu país. Segundo contou, tinha voo de regresso marcado para dia 28 de Março, mas este foi cancelado. A docente já pediu junto da embaixada para ser repatriada, mas até ao momento ainda não obteve qualquer resposta.
Adiantou ainda que desde Outubro que os salários não são pagos, fazendo com que não consiga comprar um o bilhete para o voo de regresso: "Os voos que estão a ser autorizados a sair de Luanda rondam os 2300 euros o bilhete, exemplo do voo anunciado da Euroatlantick para repatriamento dos portugueses", disse, acrescentando que será realizado um voo da TAP com "preços a partir dos 1800 euros", mas que para "os professores com ordenado em atraso, é insustentável".
Contactada pelo Jornal de Notícias, a Escola Portuguesa de Luanda negou o atraso no pagamento dos salários.