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Presidente da UNITA diz que Angola não é uma democracia e ataca “marimbondos”

O presidente da UNITA afirmou que a democracia só se concretiza com a alternância partidária e reafirmou que o partido quer ser alternativa aos “marimbondos” do MPLA, que acusou de “roubar” fortunas.

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“Vamos ser poder”, disse o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Adalberto da Costa Júnior, aos militantes do partido que se concentraram no Sumbe, capital da província do Cuanza Sul para assinalarem os 54 anos da fundação do partido.

O acto aconteceu este Sábado, um dia depois de o grupo parlamentar da UNITA concluir, na mesma cidade, as suas IX Jornadas Parlamentares.

Adalberto da Costa Júnior disse que a democracia, a liberdade e o muiltipartidarismo foram “fruto da luta da UNITA” e realçou que um Estado democrático só se assume com a alternância no poder político.

“Um país que tem um partido que governa há mais de 40 anos sem alternância não é uma democracia”, criticou, afirmando que é chegada a altura de fazer balanços.

O líder partidário assinalou que o país “teve acesso a bens extraordinários” desde a paz entre os dois grupos beligerantes, MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder) e UNITA, que foi assinada em 2002, tendo sido roubadas “autênticas fortunas” pelos “marimbondos do 'bureau' político do MPLA”

“Querem-nos meter na cabeça que quem roubou já está em Barcelona [onde mora o antigo Presidente José Eduardo dos Santos] e quem ficou não roubou nada”, ironizou.

Reclamando para a UNITA a bandeira do combate à corrupção, que o actual Presidente, João Lourenço, elegeu como prioridade, Adalberto da Costa Júnior considerou que o que se está a fazer não passa de marketing.

“Este repatriamento de capitais que o MPLA aprovou na Assembleia, onde quem roubou traz para o seu próprio bolso e não divide nada com o Estado, isso não é combate à corrupção, isso chama-se lavagem de dinheiro”, frisou

Para o presidente da UNITA, “é tempo de dizer basta”. “Angola tem uma dívida pública enorme que é mais pequena do que a fortuna de meia dúzia de senhores que estão sentados no 'bureau' político e são donos disto tudo, são donos do país”, criticou o dirigente, dizendo que não houve partilha de benefícios na Angola dos tempos de paz.

Deu como exemplo a cidade do Sumbe, “cheia de poeira” e as condições degradantes em que vive a população, dizendo que é importante a UNITA fazer trabalho nas províncias, pois “correm a fazer obras”.

Adalberto da Costa Júnior falou ainda sobre as autarquias, relatando o que encontrou durante a sua viagem recente a Cabo Verde, onde “realizaram uma obra grandiosa” com instituições maduras e em que “o Estado não está tomado pelos partidos”, havendo eleições com transparência e alternância no poder.

“Pobres somos nós, comparados com eles”, sublinhou.

O líder da UNITA disse que em Angola não é possível ter alternância com as actuais leis, voltando a visar a Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

“Enquanto tivermos uma CNE que tem uma maioria de membros de um partido político, as decisões que esta CNE toma não são as decisões do país. O nosso país precisa de reformas”, exortou.

Respondeu igualmente à abertura para o diálogo manifestada esta Sexta-feira pelo Presidente, mostrando a mesma disponibilidade, no sentido de encontrar uma base para o funcionamento das instituições que as tornem viradas para o cidadão e não para os interesses partidários.

Insistiu igualmente na necessidade de realizar uma “opção que é de todos”, a de ter eleições autárquicas em 2020 em todos os municípios.

O comício aconteceu na marginal do Sumbe, depois de um desfile que mobilizou milhares de militantes da UNITA provenientes das diversas províncias para celebrar o 54.º aniversário do partido fundado por Jonas Savimbi a 13 de Março de 1966, em Muangai, na província do Moxico.

A comemoração juntou na tribuna, com o presidente do partido, dirigentes e figuras e proa do partido, incluindo o antecessor de Adalberto da Costa Júnior, Isaías Samakuva, ministros do 'governo sombra' e os deputados do grupo parlamentar.

Adalberto da Costa Júnior recordou a história do partido, que teve origens na “longa noite colonial", e chamou a dar o seu testemunho alguns dos “conjurados do 13 de Março", antigos combatentes e generais destacados, entre os quais Paulo Lukamaba “Gato” e Abília Kamalata Numa.

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