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Decisão de corte da OPEP+ adiada devido a divergências entre Moscovo e Riade

A decisão da OPEP+ em relação a um eventual corte da produção de petróleo para enfrentar a epidemia do coronavírus foi adiada indefinidamente devido às persistentes diferenças entre Moscovo e Riade, segundo foi anunciado esta Sexta-feira.

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Na Quinta-feira, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) anunciou que iria propor esta Sexta-feira aos 10 produtores de petróleo aliados liderados pela Rússia um corte adicional da produção de 1,5 milhões de barris por dia devido ao impacto da epidemia do coronavírus.

Os ministros do sector dos 23 países da OPEP+ (OPEP e 10 produtores de petróleo aliados liderados pela Rússia) começaram esta Sexta-feira a reunião às 09h00 como previsto, mas uma hora e meia depois o serviço de televisão da OPEP informou do atraso indefinido devido a negociações cara a cara entre o ministro da Energia saudita, Abdelaziz bin Salmán, e o homólogo russo, Alexandr Novak, que proveniente da Rússia regressou a Viena, onde na Quarta-feira manteve conversações similares sem chegar a acordo.

Bin Salmán conseguiu na Quinta-feira o apoio unânime no seio da OPEP para defender um drástico corte da produção.

Contudo a medida, destinada a enfrentar a forte contracção da procura de petróleo causada pela epidemia do Covid-19, ficou condicionada à participação da Rússia e dos outros aliados nos esforços.

Moscovo mantém-se contra o fecho das torneiras agora, depois das sucessivas reduções da produção que acordou no seio da OPEP+ desde finais de 2016.

A Rússia, que ao contrário da Arábia Saudita, está satisfeita com o nível actual dos preços, defende a extensão até ao final de 2020 dos cortes vigentes da oferta, de um volume de 2,1 milhões de barris por dia em relação à produção de Outubro de 2018.

Os preços do petróleo reflectem o elevado nervosismo dos investidores perante as discrepâncias entre os produtores no impacto negativo que está a ter a propagação do coronavírus na economia e na procura.

O petróleo Brent estava a cair quase 6 por cento, a cotar-se em torno dos 47 dólares no mercado de futuros de Londres devido à contracção da procura face à propagação do coronavírus.

O preço do barril de petróleo do mar do Norte para entrega em Maio desceu para 47,1 dólares, menos 5,78 por cento do que no encerramento de Quinta-feira, quando terminou a 49,99 dólares (menos 2,23 por cento que na Quarta-feira).

Em Dezembro, este grupo de 23 Estados conhecido como OPEP+ estabeleceu um corte de 1,7 milhões de barris por dia para o primeiro trimestre deste ano, posteriormente ampliado para a primeira metade deste ano.

A este corte somou-se uma retirada de 400.000 barris por dia decidida voluntariamente pela Arábia Saudita, com o objectivo de sustentar o preço do petróleo.

Mas o valor do barril desceu já em Janeiro devido à epidemia do coronavírus, que está a desacelerar a economia mundial e consequentemente a procura de petróleo.

Na Quinta-feira, os ministros da OPEP chegaram a acordo em relação ao corte num espaço de tempo excepcionalmente curto para responder à contracção da procura, especialmente da China, o maior importador de petróleo do mundo.

A decisão vai em linha com a recomendação de um comité técnico da OPEP, que propôs reduzir a produção entre 1,2 e 1,5 milhões de barris por dia, segundo diversas fontes que pediram para não ser identificadas.

As reuniões em Viena dos produtores estão totalmente marcadas pelo impacto negativo da propagação do coronavírus na procura de petróleo, como também pelo receio de contágio da doença.

Seguindo instruções das autoridades de saúde de Viena, a conferência da OPEP+ tem lugar com um número mínimo de delegados, os quais se devem submeter a um controlo de temperatura antes de poder aceder à reunião, enquanto à imprensa foi vetada a entrada na sede da organização.

Os países membros da OPEP são Angola, Argélia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Guiné Equatorial, Iraque, Irão, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela.

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