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Governo aponta papel “crucial” de Portugal na diversificação económica

O Governo angolano admitiu que Portugal vai ter um papel "crucial" na diversificação da economia de Angola e renovou os apelos aos empresários portugueses para investirem em força naquele país.

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Em declarações aos jornalistas em Benguela, no litoral-centro do país, onde decorre o Fórum Empresarial Angola/Portugal, o ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social angolano, Manuel Nunes Júnior, lembrou que o Governo de Luanda está a combater "seriamente" a dependência excessiva do petróleo nas exportações, equivalente a mais de 90 por cento do valor global e 70 por cento das receitas tributárias.

"Todos os problemas que se colocam em Angola têm sempre a ver com os preços do petróleo no mercado internacional, que é sempre imprevisível. Estamos a lutar seriamente para combater essa dependência e Portugal pode ajudar muito e ter um papel crucial nesse caminho", sublinhou Manuel Nunes Júnior, à margem do evento, realizado no âmbito da visita que o chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, está a realizar a Angola.

O governante destacou sobretudo as áreas da agricultura e da agroindústria, setores sobretudo do ramo alimentar, com o qual Angola "gasta anualmente recursos bastante acentuados", para importar.

"Se conseguirmos produzir esses produtos localmente teremos dois ganhos: em recursos externos, em divisas, que poderão ser utilizadas em áreas mais estratégicas, e, por outro lado, ganhamos emprego internamente e combatemos o desemprego. Essa questão da diversificação é crucial para o nosso desenvolvimento", insistiu.

A estas duas áreas, Manuel Nunes Júnior juntou uma terceira, a do turismo, sector em que, disse, "Portugal tem muita experiência" e em que pode também ajudar a desenvolvê-lo em Angola, "que tem também um grande potencial turístico".

"Queremos que seja mais acentuada a participação [de empresários portugueses]. Queremos o investimento para que possamos, nos próximos cinco a dez anos, ter resultados muito palpáveis na diversificação económica. Mais do que retórica precisamos de ações concretas que façam com que Angola possa crescer nos próximos cinco a dez anos e Portugal pode desempenhar aqui um papel crucial", insistiu.

Segundo o ministro, os dados que Angola apresenta nesse domínio até agora "não são desejáveis". "Quando um país tem mais de 90 por cento da sua exportação concentrada num só produto, quando tem mais de 70 por cento das receitas tributárias dependente de um só produto, isso é uma situação de grande dependência. Queremos alterar isso radical e rapidamente. Por isso é que estamos aqui a apelar para que haja esse investimento de investidores portugueses, que trarão know-howe tecnologia para nos apoiar, pois é fundamental que as coisas sejam feitas por aqueles que sabem fazer e que o podem fazer com rapidez", sublinhou.

"Temos de ir buscar aquilo que de melhor se faz no mundo das novas tecnologias", disse.

Manuel Nunes Júnior desdramatizou a "já actual não questão" relacionada com as dívidas do Estado angolano às empresas portuguesas, repetindo que o processo está a andar a "grande velocidade" e que deverá estar concluído "em breve".

"Neste momento estamos a dar passos muito seguros para a resolução da situação. Já se falou muito sobre isso. Relembro que mais de dois terços da dívida reclamada já está certificada pelo Ministério das Finanças e que, desta dívida reclamada e certificada, mais de 60 por cento já está paga. Em sete meses", frisou.

Nunes Júnior destacou que o Governo angolano está a tomar medidas internas para que se evite novas acumulações de atrasados, lembrando que "toda a gestão fiscal" está a ser feita nesse sentido, com o apoio do programa existente com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Sobre o fórum empresarial luso-angolano, Manuel Nunes Júnior salientou que o facto de ser o terceiro a ser realizado no espaço de sete meses "diz tudo" sobre a importância que os dois países estão a dar às relações económicas.

"Tendo realizado os três fóruns, queremos passar à fase prática, que é começar a ver investimentos de Portugal em Angola que não estejam ligados ao setor petrolífero. A ideia é trabalharmos para substituir as importações, promovermos as exportações e fazer com que deixemos de estar dependentes de um único produto de exportação. Mais, a exportação de um produto cujo preço não controlamos.

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