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Internet não trava negócio aos ardinas que vendem pelas ruas de Luanda

Dezenas de famílias de Luanda ainda dependem da venda de jornais na rua, com cada ardina a facturar até 21 dólares por dia, apesar da proliferação do acesso à informação online e do aumento dos pontos fixos de comercialização.

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São na sua maioria jovens, que dizem comprar por dia à volta de 300 jornais junto da gráfica, sobretudo do Jornal de Angola, o que tem mais saída nas ruas de Luanda. Vendem a 50 kwanzas cada, cinco kwanzas acima do preço de capa, num negócio que também significa muitos quilómetros percorridos a pé por dia.

"O que mais se vende é o Jornal de Angola e o Jornal dos Desportos. Por dia compro 250 a 300 jornais, no valor de 40 kwanzas, para depois vender a 50 kwanzas. Consigo ter um lucro por dia de 3000 a 4000 kwanzas", conta à Lusa Beney Augusto, ardina desde os 15 anos.

Hoje com 27 anos, afirma que o negócio da renda diária da venda de jornais permite sustentar a família, com três filhos.

"Não ganhamos muito, mas com o pouco que levo para casa consigo ajeitar-me", explica este ardina, que todos os dias sai de casa às primeiras horas da manhã para comprar jornais.

Explica que o Jornal de Angola é o mais procurado, "não só pelo preço" e pelo conteúdo informativo, mas também pelas dezenas de anúncios de emprego e de outros tipos que diariamente publica, sendo o diário privado O País "também muito solicitado".

Tito André é ardina nas ruas de Luanda há 22 anos e garante que a actividade continua a ser rentável, apesar de algumas dificuldades.

"O negócio é rentável, mas é um pouco complicado. Só temos possibilidade de vender quando sai [da gráfica] cedo. Quando sai um pouco atrasado perdemos, como foi o caso das últimas semanas", disse Tito André, que coincide nas publicações mais procuradas pelos leitores de Luanda.

O rendimento diária de Tito varia entre 2000 a 3000 kwanzas, mas este ardina ainda diz ter capacidade para vender a retalho a outros colegas cerca de 400 jornais.

"Sou grossista, facturo lá dentro (na gráfica) cada jornal no valor de 31 kwanzas e vendo a 60 kwanzas aos jovens que vendem no valor de 100 kwanzas. O lucro levo para casa e partilho as despesas com a esposa", conta.

Apesar da proliferação dos sites de notícias na Internet e dos pontos fixos de venda dos jornais, por exemplo em comércios e grandes superfícies, as vendas, geralmente, correm bem. O problema, conta, é quando as tiragens aumentam além do habitual, como tem vindo a acontecer.

"Tivemos muita perda porque a gráfica tirou muitos jornais e os jornais que eles tiram não tiram consoante a nossa facturação. E quando assim acontece, perdemos muito porque o mercado fica inundado de jornais", desabafa.

Além dos diários, outros jornais privados publicados em Luanda apenas ao fim de semana também têm procura, ainda que menor.

E apesar de centenas de jornais lhe passarem pelas mãos todos os dias, Tito diz que raramente os folheia: "Acabo por vender todos os jornais e nem sequer leio algum. Esta actividade é mesmo apenas para conseguir um pão para aguentar a minha família e não tenho tempo de ler".

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