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Opinião O que Angola me faz crescer profissionalmente

A identidade e a nacionalidade de um povo

José de Noronha Brandão

Director de Relações Públicas da agência ZWELA.

A propósito de uma exposição, dei por mim a reflectir sobre a identidade de um povo e se essa mesma identidade, não obstante ocupações, reeducações, outras nacionalidades, se consegue manter.

Zwela:

Fui visitar a exposição Origens, inaugurada no aniversário da Sonangol. De acordo com o enquadramento, “Origens é um projecto que tem como propósito resgatar e promover os traços de identidade e simbolismo da mulher tradicional angolana, referenciados nos seus traços antropológicos, etnolinguísticos, geográficos e no exercício do poder”. O projecto fotográfico retrata oito grupos etnolinguísticos, designadamente: Cokwe, Ambundu, Bakongo, Vangangela, Ovanyaneka, Ovahelelo, Ovambó e Ovimbundo num registo de mais de 20.000 kms percorridos entre Cabinda, Luanda, MBanza, Congo, Malange, Dundo, Bailundo, Lubango, Chibia, Gambus, Xangongo, Cahama, Ochijolo, Kuvango e Namibe. Tive o deleite de poder ter um olhar sobre os diversos Povos de Angola e os costumes e valores sobre os quais o grande país está alicerçado.

Há uns anos tive aulas com o Professor Doutor Adriano Moreira, horas de saudáveis discussões sobre a identidade versus nacionalidade e quais os traços que os distinguem, perfilam e chancelam estas duas definições. Como definimos um povo, como o caracterizamos, o que faz dele um ser com identidade única, um ADN e características idiossincráticas?

A exposição Origem deu-me muitas respostas, mas fez-me ver que por mais anos, por mais influências, por mais maneirismos que se importem, a identidade é a alma e aí não podemos mexer.

Angola é hoje o que sempre foi: uma colecção de povos que, convivendo, criaram uma matriz nacional sem perder o que cada um tinha de diferente. Uma nação de Cabinda ao Cunene com uma variedade paisagística tão grande que torna o país mais rico, mais profuso, mais interessante. Com estas fotografias que aqui se podem ver, fazemos uma viagem à essência deslumbrante do que hoje é uma das nações com um índice de desenvolvimento económico e social fulgurante. O Censo realizado há quase um ano dá-nos uma população de quase 25 milhões de habitantes, num território 14 vezes maior que o meu, Portugal. E no entanto, cada paisagem, cada pessoa consegue deixar-nos com um sorriso e com a consciência do muito que estas gentes nos têm a ensinar, seja pelos anos de guerra que fortaleceram o espírito, a resiliência e sobretudo a esperança que o horizonte do desenvolvimento se seguiria ao da paz.

Hoje, podendo ajudar neste reerguer, um ajudar modesto feito dança calma onde fazer é também ensinar, mas onde aprendo por vezes tanto mais do que dou, olho para Angola e tenho inveja de quem, daqui a poucas décadas, constate o progresso e possa, com a curiosidade de um turista, percorrer os mesmos 20.000 quilómetros feitos de terra, gentes, céu e um sol que nasce grandioso e se põe como em mais nenhum continente! A História coloca as provas da existência da humanidade em África. Eu atrever-me-ia a colocar África como o exemplo de desenvolvimento da humanidade. Que as origens seja um caminho e não um regresso, um exemplo de futuro na preservação como garante da identidade de um povo.

Opinião de
José de Noronha Brandão

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