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Saúde

Fernando Póvoas: “Não tinha dúvidas de que queria fazer parte deste extraordinário país”

Emagrecer em Portugal é sinónimo de Fernando Póvoas. São milhares os casos de sucesso, naquela que é a clínica mais procurada do país. Muitos são também os angolanos que viajam para recorrerem aos seus tratamentos. Em algumas dessas visitas, aproveitaram para lançar o desafio: uma Clínica Dr. Fernando Póvoas em Luanda. Aceite. Não foi um processo fácil, mas a clínica já abriu as portas. Numa primeira fase estão disponíveis tratamentos para a obesidade, medicina estética e neuropediatria, aos quais se vão juntar especialidades como dermatologia e infertilidade. O médico mais famoso de Portugal vai estar uma semana por mês em Luanda, para acompanhar a clínica e o processo de formação de médicos nacionais que farão parte da equipa. Na bagagem traz conceitos como saúde, equilíbrio, beleza e bem-estar, que quer dar a conhecer a todos os angolanos.

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Como é que surgiram as clínicas Dr. Fernando Póvoas? Qual o conceito em que se inspirou?

Na minha actividade como médico da equipa de futebol sénior profissional no Futebol Clube do Porto durante 21 anos, um dos temas que me apaixonou foi a implicação da alimentação no desempenho desportivo. Na prática clínica fui percebendo que as razões para a obesidade são variadas e não exclusivamente relacionados com a alimentação. O sedentarismo, os factores genéticos, disfunções hormonais, alguns medicamentos que se tomam para certas patologias alteram o metabolismo e fazem ganhar peso e, principalmente, os problemas emocionais. Daí continuar a pensar que muitas vezes mais importante que um bom plano alimentar é conseguir controlar a tristeza, a angustia a ansiedade.

Depois de perceber a causa ou as causas que levaram a um aumento de peso usamos essencialmente medicamentos elaborados à medida de cada paciente. Hoje somos a clínica em Portugal, mais procurada por pacientes com este problema de saúde, pelos portugueses, mas também muitos pacientes estrangeiros e em particular por angolanos.

Porquê a escolha de Angola para o início da internacionalização das clínicas?

Desde que começamos a pensar o processo de internacionalização, que Angola nos parecia o destino mais óbvio. Temos muitos pacientes angolanos, que me desafiaram para ter um clínica em solo angolano com a mesma filosofia e como é um país em grande desenvolvimento, que está a sofrer uma evolução enorme em todas as áreas. É um país está a ser muito bem dirigido por pessoas muito atentas às necessidades da população e com visão de futuro. Há um ano e meio visitei Luanda e quando cheguei ao aeroporto estranhei, mas saí apaixonado, não só por Angola mas fundamentalmente pelos angolanos e pela sua cultura. Não tinha dúvidas que queria fazer parte deste extraordinário país e estou muito feliz por isso.

Este é um projecto pensado há muito, mas só agora concretizado. Existiram alguns entraves à abertura da clínica em Luanda?

De facto, o projecto de abertura da Clínica em Luanda, tem sido bastante moroso. Tal deve-se essencialmente à nossa falta de experiência, visto este ser o primeiro projecto de internacionalização e, também devido à especificidade da actividade que desenvolvemos, que naturalmente, carece de procedimentos administrativos bastante demorados. No entanto, tudo se concretizou tendo em conta a boa vontade de todos os organismos, nomeadamente Ministério da Saúde, aos quais obviamente estou muito grato pela forma que me sempre me trataram.

Pode revelar quanto investiu nesta nova clínica?

Os valores totais do investimento ainda não estão fechados, mas ficou claramente acima dos 2.000.000 de dólares.

Que tipo de tratamentos é que oferece a Clínica Dr. Fernando Póvoas?

A clínica angolana vai ser um prolongamento das de Portugal. Inicialmente não terá todas as valências e vamo-nos focar fundamentalmente no tratamento da Obesidade, na Medicina Estética e na Neuropediatria. Esta área é muito importante e dá-me um gosto especial porque vamos ter a colaboração do Professor Nuno Lobo Antunes, um grande neuropediatra, que para além de ser uma referência em Portugal e nos Estados Unidos vem com um grande entusiasmo no desenvolvimento da sua actividade com as crianças angolanas.

Vamos também desenvolver numa segunda fase área da Dermatologia e no tratamento da infertilidade, porque existe uma grande carência na oferta deste tipo de cuidados de saúde em Angola.

Quem é que pode recorrer aos vossos serviços?

A nossa oferta é transversal ao povo angolano, tanto nas consultas como nos tratamentos.

Em que é que esta clínica é diferente de tantas outras que vão ocupando a cidade de Luanda? Têm técnicas exclusivas?

Diferenciamo-nos pela escolha de uma filosofia de tratamento personalizada. Marcamos a diferença porque não entendemos que ninguém é obeso porque quer ou porque não se cuida. Estes argumentos são injustos e a minha prática clínica ensinou-me que, se há pessoas que efetivamente têm maus hábitos alimentares, a grande maioria tem aumento de peso por problemas genéticos, por disfunções hormonais, ou. e muitas vezes, por certos medicamentos que possam estar a tomar, lhes altera o metabolismo. Aliás, muitas vezes come-se por motivos emocionais, por raiva, por stresse, por ansiedade, por angustia ou depressão e até por falta de amor, ou de atenção ou mesmo por solidão. A comida é sempre um escape e quanto mais ansiosos andamos mais corremos para a dispensa e para o frigorífico e se um médico não perceber isso, por melhor que seja, a dieta não vai ter grande sucesso. É fundamental controlar a parte emocional para que o plano alimentar funcione.

O sucesso nesta área que trabalho, e no fundo, na medicina em geral, muito mais importante que o medicamento, é a capacidade do médico em saber ouvir. A obesidade não é um problema exclusivamente estético ou de auto estima. É uma doença que arrasta consigo inúmeras outras patologias tais como a hipertensão, a diabetes, acidentes vasculares cerebrais e problemas psicológicos terríveis etc etc.

Os angolanos vão poder contar com a sua presença regular no nosso país? Dará consultas na nova clínica?

Encaro a clínica em Luanda como uma extensão às minhas clínicas em Portugal e nesse sentido é minha intenção, estar uma semana por mês em Luanda e nas outras semanas estarão os meus assistentes e já começamos a formar médicos angolanos para fazerem parte da nossa equipa.

Na altura em que assinou o contrato com a ANIP, falou-se da hipótese de uma clínica também em Benguela. Como está esse projecto?

É uma ambição que tenho, e que esperamos concretizar. No entanto, neste momento, todas as nossas energias estão focadas na Clínica de Luanda. Possivelmente num futuro próximo.

Quais os planos para o futuro? Novas clínicas, novos países, novos tratamentos?

Temos algumas ideias para o futuro. No entanto, não gostaria de as revelar, pois como disse, estamos focados exclusivamente na abertura da clínica em Luanda.

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