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Sonangol quer retirada de subsídios aos combustíveis mas “não a qualquer preço”

O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol disse esta Sexta-feira que a empresa sente a necessidade de ser retirado o subsídio aos combustíveis, mas trata-se de uma decisão do Estado.

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Gaspar Martins, que falava em conferência de imprensa em alusão ao 47.º aniversário da empresa, frisou que apesar dessa necessidade é preciso compreender que esta decisão não depende apenas de uma empresa.

"Tem muito a ver com aquilo que se pode considerar o momento certo e enquanto não encontrarmos este momento certo, vamos continuar a cooperar nas condições em que estamos. Se nos perguntar se temos necessidade, temos sim", referiu.

Gaspar Martins sublinhou que, numa situação de serem retirados os subsídios, a empresa não terá tanta necessidade de ir ao mercado à busca de capital adicional.

O presidente da petrolífera estatal sublinhou que quando houver a retirada dos subsídios, a empresa vai sentir-se "mais aliviada", permitindo também a entrada de outros intervenientes neste mercado.

"Hoje a Sonangol é a única entidade que procede à importação de combustíveis", referiu Gaspar Martins, recordando que a Pumangol e a Total se negaram a entrar neste mercado "enquanto a situação dos subsídios se mantiver".

"É provável que com os subsídios haja uma redistribuição da capacidade de importação e provavelmente outros 'players' que possam participar nesse negócio, que ao retirar-se, acaba por ser rentável", destacou.

"Repito, nós somos parceiros do Estado, não vamos forçar a que isto saia a qualquer preço só depois de chegarmos a acordo", acrescentou.

Por sua vez, o administrador executivo da Sonangol, Baltazar Miguel, reforçou que a matéria dos subsídios tem sido tratada anualmente com o Governo e nesta altura está em fase final de fechar este processo este ano.

A retirada dos subsídios aos combustíveis era uma das medidas mais defendidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) durante a vigência do último programa de ajustamento financeiro, no valor de mais de cinco mil milhões de dólares.

Angola é o quarto país do mundo onde é mais barato encher um depósito de combustível. Enquanto na Europa – e em Portugal, em particular – os automobilistas optam por veículos utilitários e têm o consumo de combustível em conta na altura da compra, em Angola, país dotado de um parque automóvel onde abundam robustos jipes e 'pickups', essa não parece ser uma preocupação, já que sai quase sempre mais barato dar de "beber" ao carro do que matar a sede.

Enquanto o preço médio de 1,5 litros de água engarrafada ronda os 180 kwanzas, um litro de gasolina custa 160 kwanzas, ou seja, cinco vezes menos do que em Portugal, segundo o site Global Petrol Prices, com dados actualizados este mês.

Só no primeiro trimestre de 2022, o Governo subsidiou 339,7 mil milhões de kwanzas em combustíveis distribuídos em todo o país.

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