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Economia

Economist: reformas convencem estrangeiros mas população ainda não vê benefícios

A revista britânica The Economist dedica um artigo a Angola, no qual defende que as reformas lançadas pelo Governo estão a convencer a comunidade internacional, mas que a população ainda não sente os benefícios.

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"As reformas de João Lourenço estão a agradar ao Fundo Monetário Internacional (FMI)", escreve a Economist no título do artigo publicado esta Sexta-feira na revista semanal, que tem como subtítulo "E os angolanos comuns?".

No artigo, escreve-se que o FMI, "que desde 2008 concordou em emprestar 4,5 mil milhões de dólares a Angola, está encorajado pelas políticas orçamentais", e acrescenta-se que esta instituição financeira multilateral também concorda com o programa de privatizações.

Citando várias vezes a ministra das Finanças, Vera Daves, o artigo apresenta os principais indicadores macroeconómicos de Angola, apontando a "tarefa monumental" da governante para equilibrar as contas públicas e lembrando que "os preços baixos e a descida da produção de petróleo originaram um colapso no PIB e fizeram a dívida disparar, colocando o PIB per capital em cerca de um quarto do valor de 2014".

A ministra das Finanças diz ter ganho "espaço para respirar" com a renegociação individual da dívida com os vários credores, nomeadamente a China, e revelou que foi o FMI que recomendou cautela nos cortes orçamentais: "O FMI disse-lhe para ter calma com algumas áreas e proteger o financiamento para a saúde e educação, o que, dada a reputação do Fundo na promoção da austeridade, foi 'uma surpresa positiva', diz a ministra", lê-se no artigo.

Depois de passar em revista as reformas, num tom elogioso, o artigo debruça-se sobre as consequências para os angolanos, não sem antes perguntar à ministra se o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) ainda é marxista. "Nos nossos corações, sim; na realidade, não", responde, a rir.

Sobre os angolanos comuns, a Economist escreve que "a maioria ainda não viu grandes benefícios" destas reformas, exemplificando com a inflação nos 25 por cento e os protestos das pessoas, que "querem acabar com o sofrimento, mas também querem que o Presidente esteja à altura das promessas contra a corrupção".

Esta luta contra a corrupção, diz a revista, "para muitos angolanos parece ser selectiva e exclui pessoas próximas do actual governo, o que, juntamente com a brutal repressão de alguns protestos, sugere que há limites sobre até onde o MPLA pode mudar".

O Presidente João Lourenço, conclui-se no artigo publicado, "consolidou a sua posição no partido do poder, agradou aos estrangeiros com algumas das suas políticas económicas, mas é difícil manter-se popular juntos dos angolanos comuns quando o preço da comida dispara; o perigo para o Presidente é que, tendo subido as expectativas, não possa, ou não queira, cumpri-las".

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