"A campanha anti-corrupção lançada por João Lourenço recebeu um impulso das recentes revelações sobre como a filha do antigo Presidente de Angola, Isabel dos Santos, construiu o seu império empresarial usando fundos públicos. Os documentos conhecidos como 'Luanda Leaks' deram a Lourenço as munições necessárias para lançar formalmente uma investigação criminal contra [Isabel] dos Santos por má gestão e apropriação de fundos enquanto era presidente da Sonangol", dizem os consultores da Eurasia.
Numa nota sobre algumas economias da África subsaariana, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, a Eurasia diz que as revelações deram a João Lourenço “o apoio nacional e internacional, ao fornecer evidências concretas que contradizem as alegações de Isabel dos Santos de que a campanha é motivada politicamente".
Estes documentos, acrescentam os analistas, levaram Portugal a congelar os activos da empresária, "ajudando Angola no seu esforço de recuperar 1,1 mil milhões de dólares dela e do seu marido, Sindika Dokolo".
O Presidente de Angola, argumentam, "vai usar Isabel dos Santos como um caso de sucesso na sua campanha contra a corrupção e usá-la para justificar mais esforços neste sentido, solidificando o seu legado como um reformador".
Por outro lado, acrescentam, "isto também vai dar a João Lourenço margem de manobra para usar contra outros membros da elite política e militar implicados em corrupção durante o mandato de 38 anos de José Eduardo dos Santos, aumentando a probabilidade de cooperarem com o Governo para recuperar activos roubados".