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Ligação de Angola à China pode aprofundar recessão este ano, diz consultora Fitch

A consultora Fitch Solutions considerou no Domingo que a propagação do coronavirus pode piorar a recessão de 0,3 por cento prevista para este ano em Angola devido às fortes ligações económicas à China.

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"Os principais exportadores de matérias primas na África subsaariana são os que deverão ser mais atingidos pela epidemia, já que a China é um dos principais importadores de petróleo e minérios, mas há uma grande panóplia de mercados regionais que estão expostos a qualquer abrandamento no investimento chinês", escrevem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.

Os analistas alertam ainda que é provável uma revisão à previsão de 2,3 por cento de crescimento do PIB na região, este ano.

Na nota, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "as economias com sistemas de saúde e um quadro macroeconómico mais fraco estão particularmente em risco, ao passo que os mercados na África do Sul estão especialmente vulneráveis à degradação do sentimento económico".

Especificamente sobre Angola, a Fitch Solutions alerta: "a descida na produção de crude já deverá ter influência na balança comercial e no crescimento económico nos próximos trimestres, e como terceiro maior fornecedor de petróleo à China, Angola está fortemente exposta a riscos descendentes na procura de petróleo pelo gigante asiático, ou por uma descida nos preços".

Assim, acrescentam que "uma descida sustentada na procura ou nos preços fará com que a projecção de crescimento económico de 0,3 por cento possa ser ainda pior".

Para a Fitch Solutions, não é só na redução da procura chinesa que estão os perigos para a África subsaariana, mas também o investimento externo chinês pode ser afectado, e neste caso Angola volta a ser um dos países focados no relatório, que nota que o país lusófono está entre os cinco maiores receptores de investimentos chineses em 2017, juntamente com a África do Sul, República Democrática do Congo, Zâmbia e Nigéria.

Esta consultora já reviu em baixa a previsão de crescimento da economia chinesa para este ano devido ao efeito de contágio, antecipando agora uma expansão de 5,6 por cento em vez dos 5,9 por cento anteriormente estimados, o que "vai fazer descer os preços das matérias primas, incluindo petróleo e minerais, que dominam o conjunto das exportações da região".

Assim, apontam, "países exportadores de petróleo como o Sudão do Sul, Angola e Congo são os mais vulneráveis às descidas nos preços das matérias primas, particularmente dado que já estão a enfrentar consideráveis desafios políticos e orçamentais".

Angola exportou, em 2019, cerca de 479 milhões de barris de petróleo, a um preço médio de 65,2 dólares por barril, totalizando receitas de 31,2 mil milhões de dólares, segundo dados apresentados no final de Janeiro pela Direcção Nacional de Mercados e Promoção da Comercialização do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleo (MIREMPET).

Os principais destinos das exportações foram a China (72 por cento), a Espanha (6 por cento) e a Índia (5 por cento).

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