Em declarações à Lusa a propósito da constituição do Fórum Angola-Portugal, o economista admitiu que Angola enfrenta um ciclo difícil, devido à quebra "abrupta e inesperada" do preço do petróleo e consequente impacto nas receitas fiscais, mas salientou que a crise no setor do petróleo pode ser uma "janela de oportunidade" para investimentos nos outros setores.
"Angola já tem experiência de crises passadas, nomeadamente em 2009 e 2010, e criaram-se instrumentos para mitigar os riscos, há por isso uma fase de transição, mas o potencial nos outros sectores é enorme, e isto pode ser uma oportunidade para acelerar a diversificação económica, que é um tema bastante actual na sociedade angolana", disse Salim Valimamede.
"As empresas portuguesas na construção e serviços, entre outras áreas, certamente que têm de estar melhor preparadas para este período mais difícil, mas estão muito bem posicionadas para alavancar essa enorme potencialidade do país", acrescentou, sublinhando que o Fórum Angola-Portugal pretende debater estes e outros temas do relacionamento entre os dois países.
A criação do Fórum, que funciona como uma secção da Sociedade de Geografia de Lisboa, tem como "principal objectivo contribuir para um maior estreitamento das relações diplomáticas, empresariais, e académicas entre os dois países", lê-se na nota de imprensa hoje divulgada, na qual se defende que, "não obstante a forte ligação linguística, histórica e cultural entre Angola e Portugal, existe a necessidade, perante este novo contexto, de novos modelos e formas de abordagem para um maior reforço de relações bilaterais".
Angola, considerou Salim Valimamede, "tem ganhado um novo papel ao nível internacional, com mais relevo, e isso implica novos modelos de abordagem para um relacionamento mais estreito com o país". A prioridade do Fórum, acrescentou, é lançar um conjunto de "conferências internacionais específicas em áreas como as relações geopolíticas, o petróleo, a energia, e depois alargar nos próximos anos estes temas para abranger matérias como a diversificação económica e a banca".
O FAP integra no seu Conselho de Fundadores nomes como Adriano Moreira, João de Matos, Mário Pinto de Andrade e António Monteiro, entre professores universitários, economistas, jornalistas e pessoas ligadas à banca.