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Activista diz que Angola “não é um país democrático” e critica actuação da polícia

O activista Geraldo Dala disse esta Segunda-feira que Angola “infelizmente não é um país democrático” e que a polícia actua a “reboque das ordens superiores”, criticando as agressões a manifestantes que pretendiam “marchar pela liberdade”, no Sábado em Luanda.

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Um grupo de activistas foi impedido pela polícia de realizar uma "marcha pela liberdade", no Sábado, em Luanda, tendo alguns sido detidos e agredidos, relatou esta Segunda-feira à Lusa o activista Geraldo Dala, um dos organizadores da marcha, e que também esteve detido.

"Naquele dia foram detidas oito pessoas, inclusive eu, mas que depois foram soltos mais tarde. A única coisa que está em posse da polícia são os meios, como telefones, megafones, que eles se negam a devolver e dizem que só o fazem sob ordens superiores", contou.

Em declarações à Lusa a partir da unidade policial do Bairro Operário, em Luanda, onde, ladeado de outros activistas, foram tentar reaver os bens, Geraldo descreveu as "agressões" de que foram alvo no Largo das Heroínas, local da concentração.

"Sim, houve de facto violência policial, fomos levados à força nas viaturas policiais, alguns manos foram mesmo agredidos e torturados", frisou.

"Exigir" justiça e "fim de perseguição" às 'zungueiras' (vendedoras ambulantes) e "liberdade já" dos "presos políticos" era o lema da marcha, que foi, no entanto, impedida por efectivos da corporação policial.

Os activistas, que pretendiam marchar até ao Ministério da Justiça e Direitos Humanos, disseram, 24 horas antes, que haviam comunicado ao Governo da Província de Luanda a realização da marcha, em ofício datado de 19 de Janeiro, e que aguardavam por resposta há uma semana.

Esta Segunda-feira, Geraldo Dala lamentou a atitude das autoridades, considerando: "Infelizmente, Angola não é um país democrático na prática".

"Formalmente é democrática porque tem lei, mas essas leis não têm sido respeitadas nem pela polícia nem pelas autoridades administrativas", salientou, recordando a repressão de manifestações anteriores em "atropelo à lei e à Constituição".

"Neste país o que vale e manda não são as leis, mas as ordens de governadores e presidentes, são estes sim que mandam de forma arbitrária e entendemos, mais uma vez, que a polícia actua ao reboque das ordens superiores", afirmou o activista.

A Lusa contactou o porta-voz do Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, mas não obteve qualquer resposta.

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