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Exportações portuguesas para Angola somam mais de 2 mil milhões de euros em 2022

As exportações de bens e serviços de empresas portuguesas para Angola atingiram mais de 2 mil milhões de euros até finais de Outubro de 2022, ultrapassando já os níveis pré-pandemia, revelou à Lusa o embaixador português em Luanda.

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Angola continua a ser um mercado fundamental para as exportações portuguesas: "é o nono mercado a nível mundial e terceiro país fora da União Europeia, atrás dos Estados Unidos e do Reino Unido, e principal mercado na CPLP", salientou Francisco Alegre Duarte.

Entre Janeiro e Outubro de 2022, as exportações de bens e serviços portugueses para Angola atingiram os dois mil milhões de euros, um crescimento homólogo de 63 por cento face a 2021, enquanto as exportações angolanas para Portugal chegaram aos 614 milhões de euros, um crescimento de 365 por cento face ao mesmo período do ano anterior, "puxado" pelo petróleo.

Actualmente mais de 4000 empresas portuguesas exportam para Angola e cerca de 1200 empresas de origem portuguesa ou capitais mistos operam no mercado angolano, com destaque para o sector da construção.

"As empresas portuguesas que cá estão e que se aguentaram neste período mais difícil, de recessão, da pandemia, que estiveram períodos largos a perder dinheiro, mantiveram na medida do possível os empregos, honraram os seus compromissos e deram um contributo decisivo para a economia angolana", realçou o diplomata, enaltecendo a "ligação única" entre os dois países.

"Quando olhamos para a presença portuguesa – fora do petróleo e dos diamantes – em tudo o que tem a ver com o tecido produtivo de Angola, há outra presença que se compare à de Portugal em termos de criação de empregos, de um espaço de riqueza partilhada?", questionou.

Além do contributo para a economia, Francisco Alegre Duarte realçou a importância empresários tem tido na formação de quadros angolanos, não só para poupar nos custos da contratação de expatriados, associada igualmente a alguma "morosidade dos vistos de trabalho", mas essencialmente por "uma visão de longo prazo".

Os empresários portugueses querem ter "um papel chave na diversificação económica de Angola", vincou o responsável, acrescentando que há também que responder ao "desafio demográfico" de Angola com políticas públicas e capacitação do capital humano em várias áreas.

Francisco Alegre Duarte disse à Lusa que Portugal actua em vários sectores da cooperação, sendo um "parceiro fiável" no reforço da capacidade institucional e na formação do capital humano, na cooperação bilateral ou delegada, levada a cabo pelo Instituto Camões e financiada pela União Europeia.

"Não há nenhum outro parceiro que deixe tanto lastro em termos de capacitação institucional e de reforço do capital humano em áreas críticas como saúde, educação, justiça, defesa, segurança ", disse, esperando que, nos próximos anos, sejam enquadrados novos sectores relacionados com a diversificação da economia angolana como o agro-alimentar, o turismo, as energias renováveis ou as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Questionado sobre a aproximação de Angola a outros países, considerou "natural" que o Executivo liderado por João Lourenço busque parcerias diversificadas, o que tem sido evidenciado também com as sucessivas visitas de responsáveis internacionais de alto nível (em Janeiro, Angola recebeu já os chefes da diplomacia chinesa e russa, estando agendada para o início de Fevereiro a visita dos reis de Espanha).

"Isto significa que Angola conta no plano diplomático e há várias razões (para isso), tem a ver com a aposta que o presidente tem vindo a fazer no plano regional, na mediação do conflito na Republica Democrática do Congo, mas resulta também do trabalho muito eficaz do ministro Téte António", disse o embaixador português.

Quanto ao impacto desta concorrência para as empresas portuguesas, Francisco Alegre Duarte, sublinhou que "há espaço para todos", apontando projectos que contam com o contributo de empresas de vários países com as centrais solares de Benguela.

Por isso, salientou, no diálogo político-institucional, Portugal vai "continuar a falar com a cumplicidade habitual e franqueza entre amigos", mesmo em relação a assuntos em que as posições são divergentes, como na "agressão da Rússia à Ucrânia" em que Portugal, ao contrário de Angola, não tem "uma posição equidistante".

Francisco Alegre Duarte é embaixador de Portugal em Angola desde Março de 2022, tendo substituído no cargo, Pedro Pessoa e Costa.

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