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Angola poderá ter mais subidas de rating até meados de 2023, considera Oxford Economics

A consultora Oxford Economics Africa considerou esta Terça-feira que Angola poderá beneficiar de mais melhorias na avaliação do crédito soberano pelas agências de 'rating', mas alertou para a necessidade de controlar a despesa em ano eleitoral.

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"Desde que os preços do petróleo permaneçam estáveis e o governo continue com uma despesa orçamental prudente, antecipamos que Angola pode ter mais subidas no 'rating' nos próximos 12 a 18 meses dadas as nossas previsões de uma subida da produção de petróleo e aumento do crescimento económico neste período", lê-se num comentário dos analistas.

A análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, surge poucos dias depois de a Fitch Ratings ter subido a avaliação sobre a qualidade do crédito de Angola em dois níveis, de CCC pra B-.

"Um risco relativo a esta nossa previsão de melhores métricas orçamentais a curto prazo é se o crescente descontentamento com o actual Governo e a conclusão do programa com o Fundo Monetário Internacional levarem a uma despesa pública excessiva nas vésperas das eleições deste ano", alertam os analistas da Oxford Economics Africa.

As receitas do petróleo subiram significativamente desde o início de 2021, "melhorando dramaticamente a posição orçamental de Angola", lembram os analistas, vincando que apesar da queda na produção, a subida dos preços levou a que a receita subisse mais de 60 por cento no ano passado, fazendo o saldo orçamental passar de um défice de 1,7 por cento em 2020 para um excedente de 2,9 por cento no ano passado.

"Para além da recuperação nas receitas petrolíferas, as três maiores agências de 'rating' também ficaram impressionadas com os fortes esforços de consolidação orçamental e com a liberalização da moeda ao abrigo do programa com o FMI, que terminou no ano passado", concluem os analistas.

A agência de notação financeira Fitch Ratings melhorou na Sexta-feira o 'rating' de Angola para B-, com uma perspectiva de evolução estável, antevendo uma expansão económica de 2,1 por cento para este ano, depois de crescer 0,1 por cento em 2021.

"Houve uma melhoria substancial nas métricas externa e orçamental, sustentadas por um regresso ao crescimento económico positivo, boa gestão fiscal e preços do petróleo mais elevado", escrevem os analistas desta agência de notação financeira detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions.

"Os preços do petróleo recuperaram significativamente desde o início da pandemia de covid-19 e a probabilidade de cenários negativos relacionados com os mercados petrolíferos caiu relativamente a Setembro de 2020, quando descemos o rating para CCC, ou relativamente a Setembro de 2021, quando mantivemos o rating em CCC", argumenta a Fitch Ratings.

De acordo com os cálculos destes analistas, o rácio da dívida pública face ao Produto Interno Bruto (PIB) deverá ter caído para 78,5 por cento no final de 2021, o que representa, admitem, "uma melhoria significativa face à previsão de 126,9 por cento feita em Setembro de 2020 e bem abaixo dos 123,8 por cento do PIB em 2020".

O rácio da dívida face ao PIB, um dos indicadores mais seguidos pelos investidores internacionais para aferir a capacidade de o país honrar os compromissos financeiros, deverá descer ainda mais, para 74,8 por cento do PIB em 2022 e 73 por cento do PIB no próximo ano, "em resultado do aumento nominal do PIB (que subiu 32,4 por cento em 2021, parcialmente reflectindo os preços do petróleo), uma estabilização do kwanza, com a depreciação anterior a ser uma importante razão para o aumento da dívida nos anos anteriores, devido à dívida em moeda estrangeira valer 70 por cento do total, e um empenho contínuo na consolidação orçamental.

Apesar da forte redução no rácio da dívida, Angola continua acima dos países que a Fitch classifica como estando na escala B de investimento, que têm uma média de 68 por cento do PIB, alertam ainda os analistas na nota, que conclui que a despesa vai continuar relativamente estável face ao PIB, apesar de o Governo ir "evitar mais consolidação orçamental em vésperas das eleições de 2022".

O rating de B-, que representa uma subida de dois níveis face ao CCC anteriormente atribuído pela Fitch Ratings, significa que os analistas consideram que apesar de o crédito ser altamente especulativo, o país tem capacidade de cumprir os compromissos financeiros, e está a cinco níveis do grau de investimento (a partir de BBB-).

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