Vera Daves falava durante um evento da agência de informação financeira Reuters, que decorreu esta Segunda-feira em formato digital.
Quando questionada sobre a possibilidade de o país recorrer a um novo empréstimo chinês, a titular da pasta das Finanças destacou a abertura angolana a outros caminhos de investimento. "Estamos a construir um futuro (através do nosso programa de reformas) que prioriza o investimento directo (não apenas com a China, mas com outros parceiros). Queremos adicionar valor para a nossa economia criar empregos. Queremos que o dinheiro fique. Pedir emprestado é uma opção, mas estamos a tentar mudar a forma em que nos relacionamos com os nossos parceiros", afirmou a ministra, em comunicado a que o VerAngola teve acesso.
A governante referiu ainda que esta aposta no investimento directo coloca o sector privado num papel mais significativo, tornando o ambiente de negócios mais apelativo. Vera Daves destacou também as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo Executivo no âmbito do combate à corrupção.
"Nós queremos que a economia angolana cresça devido ao investimento privado. Não é fácil porque viemos de um modelo em que o sector petrolífero é o que mais tem influência na economia. Mas se mantivermos este modelo, iremos, sempre, ter que lidar com as mesmas consequências", disse. "Queremos o sector privado a contribuir para o crescimento da economia, a criar empregos para os nossos jovens", afirmou ainda Vera Daves.
Já no que diz respeito ao programa do FMI implementado no país, a ministra disse que espera ver resultado das negociações e da flexibilidade dos credores, no final dos três anos negociados, "tempo que permitirá prepararmo-nos para começar a pagar a dívida".
Relativamente aos Eurobonds, Vera Daves descartou qualquer abordagem sobre a revisão deste perfil de dívida. "Não temos essa intenção. Estamos a fazer o nosso melhor para que os nossos credores confiem na nossa capacidade para pagar e, ainda, preparar-nos se um possível choque mais severo nos atingir".
Entretanto, mas sem adiantar datas, a ministra das Finanças assumiu o trabalho em curso no sentido de reduzir o risco e o custo do financiamento no mercado internacional. "Temos essa estratégia a médio longo prazo. Algo que temos muito bem definido é que queremos dinheiro a longo prazo e o mais barato possível. Por agora, o 'mais barato possível' não é fácil, então continuaremos a trabalhar, para garantir que teremos um ambiente em que o risco de emprestar dinheiro a Angola seja mais baixo. E no futuro, quando o cenário mudar, veremos como e quando podemos regressar", concluiu.