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BNA recusa que bancos comerciais sejam obrigados a conceder crédito

O governador do Banco Nacional de Angola negou que os bancos comerciais sejam forçados a conceder crédito a projectos sem garantia de retorno, reiterando que o apelo vai no sentido da concessão de crédito com responsabilidade.

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José de Lima Massano falava aos jornalistas no âmbito da apresentação esta Sexta-feira, em Luanda, das decisões tomadas na reunião ordinária do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola, que analisou o comportamento recente dos principais indicadores económicos e decidiu sobre as taxas directoras para influenciar a estabilidade de preços na economia.

Segundo o governador do banco central, esta é uma questão que tem ouvido em vários fóruns, regra geral com os bancos a alegarem situações ligadas à gestão de risco do crédito.

"Nas nossas comunicações, incluindo o Aviso 10 nos seus termos, dizemos que os bancos comerciais devem conceder crédito com responsabilidade, está assim na nossa norma", disse José de Lima Massano, salientando que apesar das reconhecidas dificuldades a nível do andamento geral da economia, do ambiente de negócios, "há um esforço grande no sentido da superação dessas limitações".

O governador do BNA sublinhou que é injusto colocar os mesmos rótulos, que "não são sérios e não são merecedores de qualquer apoio", a todas as empresas e gestores, que desenvolvem a sua atividade no mercado nacional, por haver aquelas que mesmo no actual contexto difícil "têm sabido dar cartas".

"Nós não compreendemos, como é que um banco comercial de grande dimensão tem dificuldade de em 12 meses identificar 20 ou 25 projectos de crédito. Algo não vai bem! Porque as empresas estão aí, estão a funcionar e com algum apoio podem dar outros saltos", realçou.

O mesmo apelo de concessão de crédito com responsabilidade transmitido aos bancos, prosseguiu José de Lima Massano, também tem sido advogado aos que solicitam o crédito.

"Não queremos ter um sistema financeiro desligado da realidade da nossa economia, do país que somos, e tomamos já várias iniciativas para, também a nível da melhoria do próprio risco de crédito, ser melhor percetível por parte dos operadores. E é assim que neste contexto temos que ir avançando, não estamos a pedir nada de extraordinário", disse.

Nos encontros regulares com os bancos comerciais, disse o governador do BNA, estes têm manifestado preocupação e vontade de ajudar a desenvolver a economia, estando ativamente à procura dos projetos.

"E por isso, nós também tomámos a decisão de alargar o prazo até Abril, porque apercebemo-nos que chegados a dezembro tínhamos um número considerável de projectos em processo de formalização e que, fazendo o corte naquela altura, esses projetos podiam não ser considerados para os mínimos que impusemos, mas felizmente, as coisas têm estado a acontecer e isso é sentido no dia-a-dia da vida de muitas empresas, espalhadas pelo país", sublinhou.

José de Lima Massano enalteceu a execução do Aviso 10, que permitiu o crédito "ganhar vida".

"Porque tínhamos alguns bancos que praticamente já não faziam créditos, o dinheiro ia para dívida pública e divisas. Praticamente já não tínhamos crédito", salientou o governador do BNA, frisando que foi com surpresa que se aperceberam que alguns bancos tinham grandes fragilidades nos processos de análise de créditos, não tinham especialistas, não tinham áreas para tratar de crédito.

"E é claro que isso também nos preocupa. Se essa função de intermediação é chave, mais ainda num contexto em que a economia precisa desses apoios, verificámos que alguns bancos não tinham áreas especializadas para analisar o crédito, porque o nosso tema tem sido a estabilidade do sistema financeiro como um todo", lembrou.

Para mitigar cada vez mais o risco de crédito, há medidas estruturais que estão a ser tomadas a nível da melhoria da capacidade de gestão de risco na economia, com a recente aprovação das Leis das Insolvências e Recuperação de Empresas e também o Regime Jurídico das Garantias Mobiliárias.

"Também tomamos outras iniciativas, como a central privada de informação de crédito, que deveremos ter neste ano de 2021 a primeira a funcionar. Vai permitir que os financiadores, os credores, tenham mais informação sobre os devedores, não apenas aquela que é submetida, de contas, mas se paga os impostos, água e luz, se tem outra natureza de dívidas, vamos ter isso numa base de dados e vai aumentar a segurança", acrescentou.

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