De acordo com O Globo, que cita o contrato de venda, 750 milhões de dólares serão transferidos esta Sexta-feira para a operadora brasileira, sendo que a Sonangol depositará o restante valor em até 90 dias.
O negócio levou as acções da Oi a disparar, registando uma subida de 9,18 por cento na Bolsa de Valores de São Paulo, com cada título da empresa a chegar a ser negociado a 1,07 reais.
A 9 de Janeiro, o director de comunicação e imagem da Sonangol, Dionísio Rocha, já tinha confirmado a disponibilidade da empresa em adquirir a participação de 25 por cento da operadora brasileira na Unitel.
“Estamos a equacionar a hipótese de ficar com a participação da PT Ventures [empresa controlada pela Oi], mas tudo depende da decisão do tribunal de Paris”, afirmou o diretor de comunicação, indicando, na ocasião, que o valor estimado da aquisição deveria ser "o do mercado”.
O Tribunal de Comércio de Paris condenou os accionistas angolanos da Unitel a pagarem à Oi mais de 600 milhões de euros por violações do acordo acionista e deu como provado que foram realizadas “transacções em benefício próprio”.
Questionado sobre como seria financiada a operação de aquisição, Dionísio Rocha disse apenas que a “Sonangol está a financiar-se na banca internacional”, sem dar mais esclarecimentos.
A Oi está em processo de recuperação judicial desde 2016 para reduzir o passivo, que ronda os 65,4 mil milhões de reais.
A companhia brasileira enfrenta prejuízos e chegou a contratar assessores financeiros para avaliar a operação de telemóvel no país.
Num relatório divulgado no início desta semana, analistas financeiros traçaram um cenário mais positivo para a empresa, com a expectativa de captações de recursos que somariam cerca de 8 mil milhões de reais.
Segundo o jornal Valor Económico, esse montante já incluía a perspetiva do negócio angolano, confirmado esta Sexta-feira.
Em Dezembro último, a operadora foi alvo, no âmbito da operação Lava Jato, de uma investigação sobre alegados pagamentos irregulares a empresas ligadas a um dos filhos do ex-Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com um comunicado enviado pelo Ministério Público Federal, o grupo Oi teria efetuado pagamentos suspeitos de mais de 132 milhões de reais a empresas controladas por Fábio Luís Lula da Silva, entre os anos de 2004 e 2016.
Já a Unitel, que tem como accionista a subsidiária da Oi PT Ventures, viu-se envolvida num escândalo global, designado ‘Luanda Leaks’, divulgado no último Domingo por um consórcio de jornalistas de investigação.
Segundo a investigação, a Unitel terá sido foco de desvios e transações ilícitas.
A Unitel contava com quatro accionistas, cada um dos quais detendo 25 por cento, sendo eles a PT Ventures (detida pela brasileira Oi), a Sonangol, a Vidatel (controlada pela empresária Isabel dos Santos) e a Geni (do general Leopoldino Fragoso do Nasimento).