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Hacker português Rui Pinto revelou documentos do 'Luanda Leaks'

Os advogados de Rui Pinto, hacker português, revelaram esta Segunda-feira que o seu cliente entregou em 2018 um disco rígido contendo dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, à Plataforma de Protecção de Denunciantes na África (PPLAAF).

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"Os advogados abaixo assinados declaram que o seu cliente, o Sr. Rui Pinto assume a responsabilidade de ter entregue, no final de 2018, à Plataforma de Protecção de Denunciantes na África (PPLAAF), um disco rígido contendo todos os dados relacionados com as recentes revelações sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano e, eventualmente, de outros países estrangeiros", refere uma nota de William Bourdon e Francisco Teixeira da Mota.

No comunicado, os advogados dizem que Rui Pinto procurou, desta forma, "ajudar a entender operações complexas conduzidas com a cumplicidade de bancos e juristas que não só empobrecem o povo e o Estado de Angola, mas podem ter prejudicado seriamente os interesses de Portugal".

Afirmam igualmente que Rui Pinto entregou este disco rígido, "no cumprimento do que entende ser um dever de cidadania", e "sem qualquer contrapartida", depois de tomar conhecimento das missões realizadas pela organização PPLAAF, "permitindo que usassem os dados como entendessem".

Na nota, os advogados escrevem que Rui Pinto "está satisfeito por ver que, graças ao intenso trabalho do consórcio de jornalistas ICIJ, todos os dados foram explorados, verificados, validados e, portanto, encabeçaram as revelações que necessariamente levarão à abertura de investigações criminais em muitos países, incluindo Portugal".

A defesa de Rui Pinto defende também que: "está feita a prova de que, sem as imensas revelações de Luanda Leaks, tornadas possíveis graças ao nosso cliente, as autoridades reguladoras, policiais e judiciais nada teriam feito".

"Graças ao nosso cliente, os cidadãos portugueses e o mundo têm acesso à verdade de um extraordinário sistema de predação e corrupção, gravemente prejudicial para Portugal, Angola e outros países", acrescentam.

Dizem também que "as decisões já tomadas pelo Banco de Portugal, PWC e outras que estão por vir demonstram a importância excepcional das revelações de Luanda Leaks".

"A responsabilidade das autoridades é agora agir e abrir as investigações necessárias – já abertas em Angola – e ao mesmo tempo recuperar elevadas somas de dinheiro, mas é preciso dizer que são as mesmas autoridades portuguesas que mantêm Rui Pinto na prisão há quase um ano, sob o pretexto de uma tentativa de extorsão, e que, até este momento, apenas pediram a sua colaboração com o exclusivo intuito de o auto-incriminar", sublinham.

Os advogados de Rui Pinto frisam ainda que "esta colaboração com o PPLAAF e o ICIJ está relacionada exclusivamente com a entrega deste disco rígido e que não prejudica a cooperação histórica que tem realizado com o consórcio European Investigative Collaborations (EIC) desde as primeiras revelações do Football Leaks".

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