A consultora internacional foi contratada em Fevereiro de 2018 para verificar as contas da filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, que presidiu ao Conselho de Administração da petrolífera estatal entre Junho de 2016 e Novembro de 2017, até ser exonerada pelo Presidente da República, João Lourenço.
"A auditoria está concluída e os resultados foram submetidos às entidades competentes", entre as quais o Ministério das Finanças e o Ministério dos Recursos Mineiras e Petróleo, além da IGAE e da PGR, adiantou a mesma fonte, escusando-se a revelar as conclusões.
A Sonangol trabalha actualmente com um total de cerca de 50 consultores distribuídos por várias equipas.
A empresa está a implementar um Programa de Regeneração que visa recolocar o foco nas actividades petrolíferas: prospecção, pesquisa e produção de petróleo bruto e gás natural, refinação, liquefação de gás natural, transporte, armazenagem, distribuição e comercialização de produtos derivados.
A KPMG foi escolhida em Fevereiro de 2018 para auditar as contas da Sonangol, depois de preterida a consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC), escolhida pela anterior administração.
De acordo com um despacho presidencial que justificou na altura o negócio, a decisão deveu-se à identificação de uma "situação superveniente de conflito de interesse", o que obrigou a Sonangol a "cancelar a adjudicação do contrato de prestação de serviços de auditoria ao auditor que inicialmente estava previsto para a contratação".
O mesmo despacho refere que existe a "necessidade urgente" de se contratar um novo auditor para o grupo, autorizando assim a adopção de um procedimento de contratação simplificada "pelo critério material", visando especificamente os serviços de auditoria às demonstrações financeiras individuais e consolidadas, da Sonangol e subsidiárias, para os exercícios económicos de 2017, 2018 e 2019.
Em Dezembro de 2017, um mês depois da saída de Isabel dos Santos, que foi substituída no cargo por Carlos Saturnino, a Sonangol declinou assinar o contrato com a consultora PwC, para auditoria externa da petrolífera, que tinha sido anunciado a 1 de Novembro por Isabel do Santos, alegando "conflito de interesses".
A Sonangol referiu, na altura, que aquela empresa "tinha já sido contratada como consultora do processo de transformação", em 2016, pelo que "a adjudicação do mesmo à PwC, conformou um quadro de conflito de interesses".
A PwC já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016, validando-as, mas "com reservas", nomeadamente na natureza e circunstância das "transacções de diversas naturezas" que a petrolífera mantém com o Estado, sobre a recuperabilidade de investimentos realizados anteriormente e também pela alteração da política contabilística do grupo.
Na Segunda-feira, a PwC confirmou ter cessado os contratos de serviços a empresas controladas pela empresária, na sequência da publicação de notícias que revelam transacções suspeitas e esquemas alegadamente fraudulentos.
"Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expectativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação", comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.
A mesma nota acrescenta que tomou "medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos".