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EuroBic corta relações comerciais com entidades ligadas a Isabel dos Santos

O banco EuroBic decidiu esta Segunda-feira terminar as relações comerciais com entidades e pessoas ligadas à empresária Isabel dos Santos, sua accionista indirecta, devido ao envolvimento nos 'Luanda Leaks'.

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O Conselho de Administração do EuroBic deliberou "encerrar a relação comercial com entidades controladas pelo universo da accionista Eng.ª Isabel dos Santos e pessoas estreitamente relacionadas com a mesma", pode ler-se num comunicado divulgado pelo banco.

A entidade, presidida pelo ex-ministro português das Finanças Fernando Teixeira dos Santos, tomou a decisão "na sequência dos eventos mediáticos suscitados pela divulgação de informações reservadas relativas à Eng.ª Isabel dos Santos – apresentadas internacionalmente como Luanda Leaks".

O EuroBic indica ainda "a perceção pública de que este Banco possa não cumprir integralmente as suas obrigações pelo facto de a Eng.ª Isabel dos Santos ser um dos seus acionistas de referência" como motivo para o corte de relações comerciais.

O banco adianta ainda que "os pagamentos ordenados pela cliente Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) à Matter Business Solutions respeitaram os procedimentos legais e regulamentares formalmente aplicáveis" no que concerne à prevenção de branqueamento de capitais.

Através de empresas a si ligadas, Isabel dos Santos é accionista de 42,5 por cento do EuroBic, detendo a maior 'fatia' entre os detentores de participações sociais do banco fundado em 2008.

De acordo com uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ), a Matter Business Solutions recebeu, no Dubai, cerca de 100 milhões de dólares por serviços de consultoria da Sonangol em menos de 24 horas, via EuroBic, em Lisboa, já depois de a empresária Isabel dos Santos ter sido exonerada do cargo de presidente executiva da petrolífera angolana. 

As informações recolhidas pela investigação do ICIJ revelam ainda que a conta da Sonangol no Eurobic Lisboa foi esvaziada e ficou com saldo negativo no dia seguinte à demissão da empresária.

Face à divulgação, no Domingo, por um grupo de jornalistas de investigação de mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de "Luanda Leaks", que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que estarão na origem da fortuna da família, a agência Lusa tentou obter reações junto de outras empresas em Portugal onde a empresária angolana tem interesses.

Os investimentos de Isabel dos Santos em Portugal estão sobretudo concentrados nos secores da banca, da energia e das telecomunicações, nomeadamente com posições na operadora de telecomunicações NOS, no banco EuroBic, na Efacec e na Galp.

Contactados pela Lusa, o grupo Amorim e a NOS não quiseram comentar a situação, bem como o BPI (que detém uma participação de 48,1 por cento no Banco de Fomento Angola e já foi obrigado a vender 2 por cento pelo Banco Central Europeu à Unitel, que ficou maioritária), não tendo também sido possível, até ao momento, obter uma posição por parte da administração e da Comissão de Trabalhadores da Efacec e da administração da Galp.

A agência Lusa questionou ainda a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e o Ministério da Economia, não tendo até ao momento obtido respostas.

Mira Amaral, primeiro líder do BIC Português (actual EuroBIC), também não quis comentar o caso: “Saí do banco há quatro anos, nunca mais falei sobre o banco e sobre Angola”, disse à Lusa.

Durante a investigação, foram identificadas mais de 400 empresas (e respectivas subsidiárias) a que Isabel dos Santos esteve ligada nas últimas três décadas, incluindo 155 sociedades portuguesas e 99 angolanas.

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