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Estudantes em “vigília fúnebre” alertam para o impacto das propinas

Cerca de 30 estudantes do movimento anti-propinas realizaram este Sábado uma “vigília fúnebre” em Luanda para chamar a atenção para o impacto das propinas sobre os universitários mais pobres, apelando ao executivo para recuar na intenção.

DW:

Perto das 20h00, no pouco iluminado Largo das Heroínas, em Luanda, os estudantes encenaram o enterro do ensino superior ao som de apitos e gritando “Ministra, fora!” e “Propinas, não!”, com algumas velas a contribuir para o tom fúnebre.

“Segundo as informações que nos têm chegado, a decisão está a ser discutida pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e estará já na fase final, faltando apenas a assinatura do Presidente da República, João Lourenço para que se concretize e as propinas passem a ser uma realidade”, lamentou Adilson Manuel, de 22 anos.

O estudante da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto está preocupado e diz que a introdução das propinas pode ser uma “catástrofe” para os alunos que frequentam actualmente o ensino superior público, pois muitos verão a sua permanência no ensino superior comprometida face à difícil situação económica e financeira do país.

“Vivemos uma situação muito complicada, pois como estudantes não temos uma garantia do estado de que haverá um subsídio para nos sustentar. O Governo não garante isso, apenas vê o estudante como fonte de rendimento. Nós não temos dinheiro para pagar propinas, somos pobres”, destacou.

Teresa Luther King, de 23 anos, já terminou o ensino médio (secundário) e ambiciona tornar-se universitária e seguir a área dos Serviços Sociais ainda este ano. Mas se tiver de pagar propinas essa vontade pode não se concretizar: “A maior parte dos estudantes e jovens angolanos são desempregados. Onde é que vamos buscar o dinheiro para fazer o pagamento?”, pergunta.

“Nós não somos culpados pela situação em que o país se encontra, não fomos nós que extorquimos os cofres do estado”, continuou a jovem, contestando ter de pagar por um direito que considera ser seu.

Para Arantes Kivuvu, de 26 anos, que frequenta a Faculdade de Letras, as propinas “vão criar uma barreira aos estudantes” e obrigar a muitas desistências. “Estou aqui para dizer: ‘Não às propinas no Ensino Superior’”, enfatizou, acrescentando que vão continuar a fazer pressão sobre o executivo para que o Presidente não assine o decreto que legitima a introdução das propinas.

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