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Economia

É necessário educar o mundo empresarial para a Angola de hoje, diz embaixadora britânica

A embaixadora britânica em Angola, Jessica Hand, considera que muitos empresários têm uma visão distorcida do país e têm de ser “sensibilizados” para as reformas que estão em curso para aproveitarem as oportunidades de investimento.

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Em entrevista à Lusa, antes da Cimeira de Investimento Reino Unido-África, que decorreu esta Segunda-feira em Londres, a diplomata sugere que o evento será “um bom momento para Angola apresentar em Londres estas oportunidades”.

E defende que é preciso “sensibilizar” os investidores para que estes mudem a imagem que têm do país que continua a ser visto como “fechado” e com problemas associados à guerra e ao pós-guerra como as minas terrestres.

“Os investidores britânicos não estão sensibilizados para as oportunidades em África. A Angola de hoje não é a de há dois ou três anos e é preciso educar o mundo empresarial sobre essas mudanças que estão a acontecer aqui e em vários outros países africanos”, destacou Jessica Hand.

A cimeira pretende, por isso, “criar um novo ambiente baseado no comércio e nos investimentos para estabelecer parcerias e reforçar as relações” entre o Reino Unidos e os países africanos entre os quais, Angola, que “está num período de mudança e reformas ambiciosas” que proporcionam um cenário “muito mais aberto, diversificado e acolhedor para os estrangeiros

“Há problemas, mas o progresso é significativo”, elogiou a embaixadora, acrescentando que este “processo de melhorias não pode ser feito hoje ou amanhã”.

Os empresários “não querem um mundo perfeito, mas previsível” para tomar as suas decisões de investir, sublinhou Jessica Hand, adiantando que a dívida do estado angolano com as empresas britânicas tem vindo a ser regularizada “na base do diálogo”.

Até agora, as relações britânicas com Angola têm sido dominadas pelo petróleo, sendo a BP um dos principais ‘players’, mas o objectivo, seguindo a estratégia de diversificação da economia do executivo angolano, é “explorar outras oportunidades” nas áreas da agricultura, o turismo, energia, especialmente as renováveis e serviços financeiros, exemplificou.

Três projectos recentes, apoiados pela agencia britânica de investimento estrangeiro e assinados em 2018, evidenciam a aposta em diferentes áreas, entre os quais a reabilitação de postos de distribuição de electricidade e a construção de dois hospitais, em Cabinda e Luanda.

A estratégia de aproximação a África está também relacionada com o Brexit, admite. “Certamente, o Reino Unido quer ser mais independente no mundo para fazer as suas decisões e escolher os seus próprios parceiros. Isso não quer dizer que vai afastar-se completamente da Europa ou da União Europeia , mas é uma mudança” que, segundo espera, trará também novos parceiros comerciais.

Questionada sobre o mediático arresto de bens à filha do ex-presidente, Isabel dos Santos, decidido no mês passado pelo Tribunal Provincial de Luanda, considerou que os problemas de corrupção e branqueamento de capitais são “um desafio” para muitos países do mundo, e não apenas Angola.

Quanto às dificuldades que Angola continuará a atravessar este ano, afirmou que João Lourenço “deve dar informação para que as pessoas possam compreender o processo” e explicar os seus objectivos.

“Neste momento, para os angolanos, os desafios da economia são enormes e é preciso encontrar um equilíbrio sustentável”, sublinhou, mostrando-se, no entanto, confiante: “as autoridades angolanas estão focadas em soluções para estes problema e os peritos das instituições internacionais, como o FMI, estão contentes e isso deixa-nos convencidos que está a ser feito de uma maneira correta”.

O Presidente João Lourenço, que foi convidado para a cimeira, acabou por cancelar esta emana a participação no evento, para o qual foram convidados 21 países africanos, entre os quais os lusófonos Angola e Moçambique, invocando “questões de calendário”.

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