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Cofre de Previdência da Polícia “sem fundos” e com património “hipotecado por dívidas”

O Cofre de Previdência do Pessoal da Polícia Nacional (CPPPN) está numa situação "dramática e catastrófica", nomeadamente sem fundos de subsistência, "com os cofres vazios" e património "hipotecado por inúmeras dívidas", disse esta Quarta-feira o presidente.

: Domingos Damião/Angop
Domingos Damião/Angop  

"Encontrámos os cofres do Cofre completamente vazios, sem nenhum kwanza, temos agora alguma poupança, muito pouca, nada de relevo, mas que a seu tempo vai aumentando", afirmou esta Quarta-feira o novo presidente de direcção do CPPPN, Domingos Jerónimo.

Segundo o responsável, o "quadro negro" da instituição deve-se a passivos deixados pela gestão cessante, que colocou o Cofre em "total descrédito" diante dos associados.

A nova direcção do Cofre de Providência do Pessoal da Polícia Nacional, criado na época colonial, tomou posse em 25 de Setembro de 2019.

Falando em conferência de imprensa sobre o balanço das actividades desenvolvidas durante os primeiros 100 dias de trabalho da nova gestão, Domingos Jerónimo disse que os mais de 120.000 associados divorciaram-se da anterior direcção por esta "deixar de prestar qualquer apoio social" aos mesmos.

"Desde 2014 o Cofre deixou de dar apoios aos associados sem razões que justificassem tal medida. A direcção cessante deixou de honrar os seus compromissos fundamentais consagrados nos estatutos do Cofre", notou.

Entre os "incumprimentos" da anterior gestão do CPPPN, adiantou, estão a "não atribuição", desde 2015, de subsídios por morte e pensões de reforma aos associados.

"Um trabalho árduo e prioritário da actual direcção permitiu constatar que os processos que deram entrada desde 2015 a 2019 não tinham sido atendidos", assinalou.

No domínio da gestão e administração dos fundos, Domingos Jerónimo referiu que os seus antecessores "não utilizavam as ferramentas básicas de gestão", como o orçamento, situação que levou os mesmos a "navegar ao sabor do vento".

Pois, frisou, a gestão cessante não tinha um "documento que provisionasse as receitas que cabimentassem as despesas".

Além disso, referiu, "desde 2014, a direcção cessante deixou de valorizar o conselho de direcção, o que pressupõe que as decisões eram tomadas de forma unilateral".

O também superintendente-chefe da polícia adiantou que, em relação à questão económico-financeira, a direcção cessante mergulhou o Cofre numa "situação catastrófica".

Em consequência dos empréstimos contraídos pela anterior direcção do CPPPN, explicou o responsável, uma semana depois de a nova gestão tomar posse, o banco BIC, "sem qualquer notificação", mobilizou "coercivamente" os depósitos a prazo aí domiciliados.

"São cerca de 1 milhão de euros e 5 milhões de dólares americanos mobilizados por este banco", realçou.

E deste modo, acrescentou: "Encontrámos o Cofre totalmente endividado, quer com a banca quer com outros credores. Todo o património do Cofre, inclusive o edifício onde se situa a sede da instituição está hipotecado à banca".

O presidente do CPPPN acusou igualmente a direcção anterior de ter assumido compromissos com sócios para atribuição de residências, mas estes não receberam as moradias mesmo após pagamentos efectuados.

"Mas não receberam, até a data, as respectivas residências. Depósitos que não foram efectuados nas contas do Cofre, mas sim em contas estranhas à instituição", indicou.

Esta situação, sustentou, "tem obrigado a actual direcção a renegociar com os sócios lesados, em alguns casos têm sido feitos reembolsos".

O CPPPN é uma das maiores associações mutualistas de Angola e tem por finalidade geral a expressão organizada da "solidariedade e justiça" entre os seus membros, assegurando a protecção social especial e complementar dos mesmos e suas famílias.

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