A informação foi avançada, em declarações à agência Lusa, pelo primeiro secretário do Sindicato de Trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Luanda, José Carlos.
Segundo o sindicalista, mantém-se a greve por tempo indeterminado, apesar das "pressões e ameaças" que dizem estar a sofrer da entidade patronal, tendo como principal ponto de discórdia o pedido de aumento dos salários em 80 por cento.
"A situação está calma, mas a evolução não é para as negociações, temos informações que o conselho de administração reuniu o pessoal da direcção - chefe de secção, de departamento e directores - e baixou uma orientação de tirar um comboio de combustível a qualquer custo hoje de madrugada, para Malange", indicou José Carlos.
Para os grevistas, esta orientação é preocupante, por isso decidiram pelo reforço do plantão, para impedir que o comboio saia.
"Nós não vamos permitir que o comboio saia amanhã (Quarta-feira), porque isto está a incorrer já em ilegalidade, o trabalhador é livre de aderir a uma greve e quando leva pressão, chantagem, é ilegal", disse.
Questionado se a adesão à greve, José Carlos respondeu que até Segunda-feira, primeiro dia da greve, os chefes de secção, de departamento (maquinistas, antes dos cargos que ocupam) estavam "solidários connosco aqui".
"Agora, o conselho chama para dar essa orientação, não vemos qual a intenção do Conselho de Administração", acrescentou.
O sindicalista reiterou abertura ao diálogo, mesmo com a "linguagem que o conselho de administração usa" e faz crer que estão "longe de alcançar um consenso". "Porque se fosse coerente devia mandar um documento para voltarmos a sentar à mesa para negociar, porque o ponto principal não foi negociado", salientou.
O primeiro secretário do Sindicato de Trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Luanda disse que foram informados da intenção de o Conselho de Administração reunir esta Terça-feira, pelas 15h30 os delegados de greve. Contudo, o pedido foi rejeitado pela hora convocada.
"Ouvimos que ele (presidente do Conselho de Administração) recebeu orientação do ministro ontem (Segunda-feira), devia-nos convocar no período da manhã, para o encontro. Priorizou o encontro com os chefes de secção, de departamento e nós fomos colocados em segundo plano. Essa hora descer para a direcção da empresa para um possível encontro é complicado, porque não temos meios para sair dali", explicou.
José Carlos lembrou que na passada Quinta-feira a reunião começou às 14h30 e terminou pelas 02h30.
Garantiu ainda que os serviços mínimos exigidos por lei estão salvaguardados durante a greve, com a realização de dois comboios de manhã e à tarde, que garantem o transporte interurbano de cerca de 350 pessoas por viagem.
Além do aumento salarial, no caderno reivindicativo, de 19 pontos, os grevistas exigem a atribuição dos subsídios de alimentação, transporte e de instalação.
Relativamente aos comboios de carga e de passageiros interprovincial, no troço Luanda, Kwanza Norte e Malange, com corridas bissemanais, ficam paralisados na totalidade.
Com cerca de 900 trabalhadores, o Caminho-de-Ferro de Luanda realiza diariamente 187 viagens de comboio suburbano de passageiros, garantindo o transporte a mais de 6000 pessoas, ao custo de 500 kwanzas em primeira classe, 200 kwanzas em segunda classe e 30 kwanzas em terceira classe.
A direção do caminho ferroviário de Luanda fala em perdas diárias, com esta paralisação, de 1,5 milhões de kwanzas.