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Estudantes contra “valor exorbitante” para inscrição na Universidade Agostinho Neto

Mais de duas dezenas de estudantes manifestaram-se, em Luanda, contra a "taxa exorbitante" cobrada para as inscrições na Universidade Agostinho Neto (UAN), pedindo intervenção das autoridades na "redução" no valor praticado este ano.

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Organizada pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), os manifestantes tencionavam marchar até ao ministério das Finanças, em Luanda, mas a pretensão, segundo contaram foi "abortada pela polícia", com argumentos de que "não deveriam marchar na hora normal do expediente".

Concentrados em frente ao Instituto Médio de Economia de Luanda, no centro da capital, os mais de 20 estudantes não cruzaram os braços e ali mesmo, sob olhar dos efectivos da polícia, contestaram os emolumentos cobrados pela UAN de 4000 kwanzas para a inscrição.

"Queremos estudar, não temos 4000 kwanzas", "Somos pobres, mas queremos estudar", foram algumas palavras de ordem dos manifestantes que, com cartazes, afirmavam ainda que "é um papel do Estado decidir os preços dos emolumentos e não da UAN".

No local, Alberto Daniel apresentou as motivações da manifestação argumentando que muitos jovens não têm possibilidades de pagar os actuais valores cobrados pela maior e mais antiga universidade do país, nas inscrições que arrancaram oficialmente esta Quinta-feira.

"Essa inscrição no valor de 4000 kwanzas está muito cara e queremos que baixe para darmos possibilidades àqueles que também não têm meios para poderem fazer e se inscrever", disse.

Daí que, observou o estudante de 36 anos, o "preço justo" desta taxa não devia ultrapassar os 1000 kwanzas.

A UAN anunciou na Segunda-feira que tem disponíveis 5095 vagas para o ano académico de 2019, mais 125 que no ano anterior, e as inscrições, que já começaram e decorrem até 19 de Janeiro, requerem o pagamento, obrigatório, de uma taxa de 4000 kwanzas, independentemente de o estudante conseguir uma vaga ou não.

Francisco Teixeira, presidente do MEA, informou que a "polícia orientou que os estudantes deveriam apenas marchar depois das 19h00 ou ao fim-de-semana", afirmando que a reitoria da UAN convocou já a direcção daquele movimento para uma reunião agendada para Sexta-feira.

Segundo o líder associativo, a Universidade Agostinho Neto "tem estado a atropelar regulamentos do Decreto Presidencial 90/09, que diz que os preços das universidades devem ser taxados pelo ministério das Finanças", em conjunto com a UAN.

"A UAN tem cerca de 5000 vagas e abre inscrições para todo o mundo, o ano passado terá arrecadado mais de 300 milhões de kwanzas e não conseguem prestar contas, os dirigentes dessa universidade devem ter noção que são servidores públicos", atirou.

O presidente do MEA referiu também que a marcha foi convocada, sobretudo, devido à "arrogância de alguns dirigentes" da universidade, admitindo convocar "marchas para o Campus Universitário" caso a reitoria da UAN não seja "flexível" face ao pedido dos estudantes.

Na Segunda-feira, o diretor do gabinete de Informação Científica e Documentação da UAN, Arlindo Isabel, considerou a taxa cobrada como "ínfima" face às "constantes desvalorizações" que o kwanza tem sofrido (mais de 45 por cento face ao euro no último ano).

O responsável, que questionou a base científica das reclamações do MEA, garantiu que "existem estudos", a nível da maior universidade pública, que "fundamentam" os valores cobrados.

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